PEGOU MAL


Simone de Castro

A estilista Glória Coelho foi, no mínimo, infeliz em uma declaração. A um jornal paulista, que abordava a proposta do Ministério Público Federal de criar cotas para modelos negros na São Paulo Fashion Week, um dos mais importantes eventos de moda do país, ela mostrou resistência à iniciativa. “Nosso trabalho é arte, algo que tem de dar emoção para o nosso grupo, para as pessoas que se identificam com a gente. (...) Na Fashion Week já tem muito negro costurando, fazendo modelagem, muitos com mãos de ouro, fazendo coisas lindas, tem negros assistentes, vendedoras, por que têm de estar na passarela?” A primeira a se manifestar foi a atriz Isabel Fillardis que, por muitos anos, foi modelo. “Ela não sabe que é preconceituosa. Vou crer nisso. Isso é preconceito. Ele só serve para servir, o negro. Para brilhar na passarela, para ser internacional, para ganhar dinheiro, como a Gisele ou como qualquer um, não pode. É horrível isso. Dói. Isso dói muito, sabe? E tenho pena. Tenho pena. Tenho, realmente”, afirmou

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