Café Palhares conquista o título de melhor tira-gosto de BH

Eduardo Tristão Girão - EM Cultura

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Pedro Motta/Esp. EM/D. A PRESS
Os irmãos Luiz Fernando e Joao Lúcio Ferreira, donos do Café Palhares, com o kaol, marca registrada do bar

Em 2003 ele chegou perto, venceu na categoria melhor atendimento. Três anos depois, repetiu o feito, conquistando também o título de terceiro melhor tira-gosto da cidade com um picadinho ao molho de cerveja preta e mandioca batizado de Hilda Furacão. Este ano, o Café Palhares, uma das casas mais tradicionais da cidade (está completando 71 anos de funcionamento), faturou o prêmio máximo do Comida di Buteco com o “karacol de pernil”: fatias de pernil ao molho picante de abacaxi, couve, minipão sírio e palitos de couve e pepino. Os irmãos Luiz Fernando e João Lúcio Ferreira, que comandam o bar, anunciam: o petisco será mantido no cardápio.

Basta olhar o quadro de petiscos afixado sobre o velho balcão de mármore e constatar que nele não está nenhuma das criações com as quais a casa disputou as edições passadas do Comida di Buteco. O karacol (R$ 17,90) será o primeiro. “Esse prato foi criado com a intenção de ser light, sem fritura. É um dos pratos com menos gordura nessa edição do Comida di Buteco”, conta Luiz. O pernil é o mesmo que há décadas é assado e fatiado na casa. O molho foi adaptado a partir de uma receita vista na internet e vem recebendo muitos elogios. “Foi a minha mulher, Verônica, quem criou o petisco”, confessa.

Os legumes, apresentados em palitos, não são apenas um complemento light. Eles emprestam “crocância” ao conjunto e refrescam a boca do freguês, ocupada com carne e pimenta. O pãozinho, é claro, ajuda a “limpar” o prato. “O pessoal gostou de fazer sanduichinhos com esse petisco”, conta Luiz. Ele conta que durante o Comida di Buteco vendeu cerca de 50 karacóis por dia – número que aumentou bastante na semana final do evento. “Só não vendi tanto quando os outros bares porque não tenho mesas na calçada. Outros bares chegaram a vender 200 petiscos concorrentes por dia”, garante.


Pedro Motta/Esp. EM/D. A PRESS
Edson Geraldo Soares vai completar 50 anos de dedicação ao bar
TRADIÇÃO

O maior desafio do karacol será furar a barreira do consumo praticamente automático do kaol (R$ 7,40), um dos mais famosos pratos da cidade. Para se ter uma ideia, o bar vende, em média, um kaol a cada dois minutos, o que significa algo em torno de 500 por dia. “Antes de se tornar kaol, o prato era comida dos funcionários, na época em que a casa funcionava 24 horas por dia”, diz Luiz. O nome foi criado pelo proprietário, seu Neném (pai de Luiz e João), e o compositor Rômulo Paes, juntando as iniciais do que compreendia a refeição: cachaça (o k é por estilo), arroz, ovo e linguiça.

Hoje o kaol é composto por arroz, farinha com grãos de feijão, couve, ovo frito e linguiça – a cachaça é por conta do freguês. A linguiça é um capítulo à parte: produzida diariamente no bar, segue receita de antigo funcionário, o que inclui pernil suíno, alho, sal e pouca gordura. Se quiser, o freguês pode trocar a linguiça por carne cozida, língua ou dobradinha. Se quiser pernil, paga acréscimo de R$ 0,80. “O tempo que leva para servir um kaol é o de fritar o ovo. Enquanto o ovo frita, a gente monta o prato. Na volta, o ovo está pronto”, garante Luiz. Muita gente gosta de ter como acompanhamento do prato um pastel de carne (R$ 0,60, unidade).

DIVERSÃO

Outro “patrimônio” do local é o gerente, Edson Geraldo Soares, de 64 anos. Ano que vem, completará meio século de Café Palhares. Nascido em Belo Horizonte, começou a trabalhar como ajudante de montagem de transformadores de energia elétrica. Na época, a irmã trabalhava num prédio onde moravam funcionários do bar. Indicado por eles, Edson chegou e ficou. “Pelo visto, não vai haver terceiro emprego”, brinca. Aposentado há 15 anos, trabalha de segunda a sábado das 15h às 23h e confessa que praticamente não viu todo esse tempo passar: “Quando se está num lugar que gosta, a gente para de contar os anos e passa a conviver. Não venho aqui trabalhar, venho me divertir”, garante Edson.

CAFÉ PALHARES
Rua Tupinambás, 638, Centro. (31) 3201-1841. Aberto de segunda a sábado, das 7h às 23h.

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