FAVELAS : Expansão nas grandes segue a todo vapor

Mário Mendes Silva -Belo Horizonte

“A notícia não tem novidade alguma, mas merece algumas reflexões. As maiores cidades brasileiras cada vez mais têm pessoas morando em barracos, em cortiços e favelas. Em São Paulo, o aumento da população das favelas paulistanas foi duas vezes superior ao crescimento da cidade em geral no último ano. Enquanto a população total da capital aumentou 2%, a das favelas cresceu 4%, de acordo com a Secretaria Municipal de Habitação. Na última década, esse aumento variou de três a quatro vezes. Além do inchaço populacional, essas moradias se expandem pela cidade num ritmo que nem mesmo a prefeitura consegue registrar. O exemplo de São Paulo serve de alerta para outras capitais – menos o Rio de Janeiro, cidade campeã na proliferação de favelas –, inclusive Belo Horizonte, que deu a esses conjuntos de construções improvisadas o pomposo nome de aglomerados. Ocorre que os administradores, ao longo dos últimos anos, não se preocuparam com as invasões de terrenos nas periferias das cidades e de suas áreas centrais. Até mesmo em alguns municípios das regiões metropolitanas das capitais – na Grande BH isso é comum – a favelização sofreu expansão assustadora nos últimos 20 anos. Betim é um exemplo disso: a prefeitura não deu maior atenção às invasões do terreno defronte à Fiat Automóveis, iniciadas a partir de 1983, e delas nasceu o Jardim Terezópolis, hoje com mais de 80 mil habitantes, com problemas de toda ordem, principalmente a violência e o tráfico de drogas. Muitos que ali moram acharam na época que, ali vivendo, poderiam conseguir emprego na montadora, inaugurada em 1976. Ledo engano. Brasil afora, os casos são muitos, uma encrenca urbana com ingredientes sociais graves. Projetos como o Vila Viva, em desenvolvimento em vários bairros de BH, ajudam a minorar o problema, mas é muito pouco diante do processo disseminatório das favelas, ou melhor, dos aglomerados.”

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