Educar para se desenvolver

"O mundo já descobriu que o Brasil tem a faca e o queijo nas mãos"
Darwin Santiago Amaral, Professor de história
No Brasil, o recrutamento docente ocorre, na maioria das vezes, entre aqueles cujas oportunidades de estudo foram precárias. Uma política educacional conseqüente relacionará o salário dos professores como prioridade na lista das prioridades à medida que promover métodos de gestão escolar atrelados ao percuciente exame da eficiência, garantir a formação das gerações de profissionais e atrair, entre os melhores, os mais vocacionados. Reconhecer a importância do labor docente é investir no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) porque pessoas bem educadas são produtivas, no mais amplo sentido do termo. É aplacar com informação, cultura e sensibilidade as metástases da violência que, quando não matam, inibem sonhos e negócios.

Criar riquezas é tarefa impossível sem conhecimento e cidadãos saudáveis e cultos que os encarnem. Embora tendo um plano de curso predefinido, o professor lida mesmo é com a incerteza, os preconceitos e perspectivas, com o desejo. As leituras rasas do fenômeno pedagógico caracterizam-se por excluir da relação docente-discente esses elementos, reforçando equívocos peremptoriamente negados. Um sistema educacional é resultado de uma concertação na qual estão balanceados salários e metas, equipamentos e valores, longo prazo e resiliência. Políticos que pensam como estadistas entendem a complexidade que essa equação evidencia e os custos que acarreta sua negligência.

Em educação, resultado satisfatório só depois de muita dedicação. Essa afirmação assusta pela obviedade porque métodos somente repercutem quando associados a atitudes ancoradas em valores favoráveis aos estudos, dentro e fora da escola. Precisamos saber que machados e facões encantaram os silvícolas quando aqui aportaram os portugueses. A colisão da economia de subsistência com a incipiente economia de mercado nos primórdios do século 16 é digno tema de uma epopéia. Agora, os computadores têm desempenhado o papel das enxós a lavrar outra matéria-prima diferente daquela embarcada nas naus lusitanas.

Dificilmente aqueles profissionais do ensino que tiveram débeis oportunidades de aprendizado questionarão a base filosófica que sustenta implicitamente suas escolhas e pressupostos pedagógicos. Com esses salários, dificilmente o Brasil atrairá outros. Aqueles necessários à vida democrática, pejada de mazelas, mas única capaz de se autocorrigir. O mundo já descobriu que o Brasil tem a faca e o queijo nas mãos. Só falta a fome.

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