Jandira: participação do Exército no Morro da Providência é inconstitucional
O caso envolvendo três jovens que teriam sido entregues por militares a uma facção criminosa e, em seguida, torturados e mortos, causou grande revolta na população. O fato trouxe à tona a participação do Exército na segurança pública. Para a pré-candidata à prefeita do Rio, Jandira Feghali, "o fato desmascarou uma questão muito séria: o desvio constitucional do papel das Forças Armadas".
Jandira faz questão de, em primeiro lugar, registrar solidariedade às mães. "A primeira coisa importante, como mãe de uma adolescente que sou, é registrar solidariedade às mães que perderam seus filhos e à comunidade. É inimaginável a dor de encontrar o corpo de um filho em um lixão, quando ele apenas voltava para casa", disse Jandira.
"Em segundo lugar, quero registrar a inexistência de solidariedade pela autoridade local. Em nenhum momento o prefeito apareceu, nem pra registrar solidariedade e nem para se solidarizar com as famílias. O gestor da cidade do Rio não foi sequer à comunidade para perguntar se a população precisava de algo", criticou Jandira.
Desvio
Outro problema destacado por Jandira é a inconstitucionalidade da participação do Exército na obra realizada no Morro da Providência. "Não era apenas uma cobertura de uma obra. Houve um convênio do Ministério das Cidades com o Exército, que estava ali como responsável por uma obra feita através de uma emenda de um parlamentar que, coincidentemente, é pré-candidato a prefeito do Rio e que usa esse projeto como a maior marca de sua campanha eleitoral", informou Jandira. "Isso é um desvio do papel constitucional das Forças Armadas. O Exército é uma instituição respeitada e republicana e, na minha opinião, deveria ser retirada dali", completou.
Para Jandira, "o PCdoB deve exigir que o Ministério das Cidades assuma a obra, que deve ser mantida, pois leva benefício à sociedade". Sobre a participação dos militares no crime, ela afirma que a "punição deve ser rigorosa".
O crime
De acordo com o delegado titular da 4ª Delegacia de Polícia, Ricardo Dominguez, que conduz o inquérito por homicídio triplo, os militares já ouvidos - um tenente, um sargento e um soldado - assumiram ter entregue os três rapazes.
O delegado disse que os três jovens subiam o Morro da Providência, quando foram abordados pelos militares do Exército. Após confusão durante uma revista, eles foram liberados por um oficial superior da corporação.
"Esse oficial superior determinou ao tenente que liberasse os rapazes. O tenente não o fez. Por conta própria, determinou à tropa que colocasse os três no caminhão e seguisse para o Morro da Mineira. Lá, sem dúvida, entregaram os jovens aos traficantes", disse o delegado. "Ele [tenente] entendeu que seria apenas um corretivo".
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