Violência e Esperança

Jovens vivem sob assédio das drogas, mas confiam na família e na escola
A violência e o assédio do tráfico de drogas são ameaças que compõem a realidade e colocam em risco a maioria dos jovens brasileiros. Pesquisa acadêmica, que entrevistou 880 estudantes de 14 a 24 anos de escolas públicas de Belo Horizonte, não apenas confirma a existência do perigo como também exibe, com clareza, o tamanho da vulnerabilidade social a que está exposta a juventude em nossas grandes cidades. Mas mostra também que nem tudo está perdido e que essa mesma juventude oferece animadora disposição de superar essa situação e surpreendente crença nos melhores valores da família e da escola. A pesquisa faz constatações assustadoras. Para começar, a maioria, ou 60,3% dos entrevistados vive sob a ameaça do tráfico de drogas. Mais de um terço já presenciou troca de tiros. E, para tornar mais elevado o nível de insegurança a que estão submetidos, 38,6% dos jovens ouvidos pela pesquisa já foram vítimas de assalto.

Não admira que uma parcela expressiva desses jovens, 38,6%, coloca pouca ou nenhuma fé nos braços institucionais do poder público que poderiam lhes dar algum apoio. É o caso da Justiça, da polícia, dos conselhos tutelares da infância e da juventude, e até dos postos de saúde. Nesse ambiente, as tentações e as facilidades oferecidas pelo crime se tornam difíceis de ser vencidas. A pesquisa constatou que mais da metade dos entrevistados, 57,8%, já usou cocaína, crack, maconha e outras drogas, em busca da desinibição e da ilusão de poder em relação ao grupo. As bebidas alcoólicas também fazem seu estrago, pois quase 80% já experimentaram cerveja e vinho. Não é menos assustadora a revelação de que um em cada 10 jovens pesquisados já tentou o suicídio, usando facas, revólveres e medicamentos.

São dados que não devem servir apenas para chocar as pessoas. Mais produtivo será levá-los em conta para se produzir mais envolvimento e reação da sociedade. O tamanho do perigo não deixa dúvida de que não se trata de problema apenas da polícia, ou das autoridades em geral. Todos devem se sentir convocados. Motivos não faltam. A própria pesquisa trouxe resultados animadores. Nada menos do que 72,6% dos entrevistados reconhecem a família como porto seguro. Também surpreende positivamente o fato de que 58% dos jovens aprovam sua escola e vêem nela um caminho certo para a realização social. Pelo menos quanto à pesquisa em questão, se o problema está dado, os rumos para a solução também estão claros: políticas públicas e ações inteligentes de todos os setores da sociedade, direcionadas para o apoio às famílias carentes e o aparelhamento da escola.

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