A Favela Busca Seu Espaço



O tempo vai nos mostrar, em médio prazo, que há uma geração brilhante e capaz de virar o jogo, provando que o morro tem mais talento que crime
Jorge Gontijo/EM/D.A PRESS
N.Acor, Luciana Cesário, MT Ton, W. Will, Preto-C, Jota-C e Marcelo Reis: moçada do bem que dirige a Cufa em BH

Convencidos de que ninguém vai lhes dar espaço se não brigarem por ele, jovens da periferia de Belo Horizonte estão se unindo para mostrar seu talento, suas ansiedades e seus direitos. A entidade que os une é a Central Única das Favelas, ou “Cufa”, organização nacional que surgiu através de reuniões de jovens de vários morros do Rio de Janeiro. Segundo Gean Carlos, um dos líderes do movimento em Belo Horizonte, o que importa é buscar espaço na cidade para expressar “nossas atitudes, questionamentos ou simplesmente nossa vontade de viver”.

A partir das reuniões, os jovens descobriram que poderiam sonhar mais e se organizaram em torno de um ideal: transformar as favelas, seus talentos e potenciais diante de uma sociedade onde os preconceitos de cor, de classe social e de origem ainda não foram superados. A manifestação cultural da Cufa é o hip hop, mas há uma preocupação permanente de ampliar outras formas de expressão e conscientização, elevando a auto-estima das camadas não privilegiadas por meio de uma linguagem própria.

Entre outras atividades, a Cufa realizou em Belo Horizonte, no ano passado, um torneio de basquete de rua com jovens de periferia, oficinas de formação de grupos de rap, oficinas de áudio visual, criação de associação de grafiteiros com organização deles e transformação de sua arte em renda e ainda exibição de filmes em praças da periferia, expandindo assim o conhecimento e criando a formação crítica sobre cinema.

O tempo vai nos mostrar, em médio prazo, que há uma geração brilhante e capaz de virar o jogo, provando que o morro tem mais talento que crime, mais adolescente inteligente que aviãozinho do tráfico.

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