Que Sex and the city que nada! A nova mulher não é nada disso que a mídia está apregoando em torno do filme, que recebeu críticas detonadoras em seu país de origem, Estados Unidos. Conhecedores que são da realidade americana, o filme que está sendo anunciado como responsável pelo nascimento da nova mulher vem sendo considerado um tiro n'água pela mídia dos States. Para quem entende do assunto, quem responde pela nova mulher é mesmo a pílula anticoncepcional, que está fazendo 48 anos. Começou a ser vendida no país em 1962, e é a primeira opção entre métodos anticoncepcionais em quase todo o mundo.
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Usada por cerca de 21% das mulheres em idade de reprodução, a pílula, como ficou conhecida popularmente, provocou um grande impacto na sociedade, no âmbito político e social, moral, religioso e ético. E vale a pena ser lembrada agora que a lei do aborto passa a ser discutida na Câmara. A primeira foi produzida nos EUA em 1960; a segunda, na Alemanha, no ano seguinte. Na época do lançamento, ela foi muito criticada por diversos setores da sociedade, porque permitia mudanças no comportamento sexual, dando controle e maior liberdade às mulheres, alterando o quadro social e o processo natural de reprodução. Sua utilização acabou provocando avanços nos direitos reprodutivos e sexuais das mulheres, ampliando as possibilidades de realização de um efetivo planejamento familiar. Permitiu, ainda, uma maior flexibilização dos valores morais e o ingresso da mulher no mercado de trabalho.
Quando a Food and Drug Administration (FDA) aprovou a pílula, em 23 de junho de 1960, recebeu críticas da comunidade científica, temerosa da exposição das mulheres a riscos, pela falta de uma avaliação adequada da segurança do produto. Na época, ela continha uma quantidade de hormônios que já havia sido aprovada em 1957 apenas para “regularizar o ciclo menstrual”. Mas significou o fim de uma longa trajetória que, já em 1922, demonstrava a possibilidade de se produzir “esterilização hormonal temporária”, com a inibição da ovulação e da gravidez em animais férteis. Sendo identificado, posteriormente, o hormônio progesterona como o responsável pela ação.
Em 1953, Gregory Pincus, bioquímico da Worcester Foundation for Experimental Biology, e John Rock, ginecologista da Harvard Medical School, iniciaram os testes para descoberta de um comprimido que impedisse a gravidez. O químico Frank Colton, do laboratório Searle, responsável pela produção do primeiro medicamento, promoveu a modificação na estrutura química da progesterona mexicana, utilizada na composição da primeira pílula, o Enovid 10. As pesquisas em mulheres foram realizadas em Porto Rico, devido à descrença de alguns, à resistência de muitos e às restrições legais americanas. Mas confirmaram os estudos anteriores e o conceito, até hoje aceito, de que a progesterona teria ação inibidora da ovulação, impedindo a gravidez, e que combinada aos estrogênios manteria os ciclos.
A decisão de usar 21 comprimidos com pausa de sete dias ocorreu para que as mulheres tivessem sangramentos regulares, semelhantes a uma menstruação normal, que facilitaria a aceitação do método. Poucos medicamentos foram tão investigados e por tanto tempo como a pílula. A primeira teve a sua dosagem reduzida pela metade em 1961, devido aos efeitos colaterais. Em 1976, foram lançadas as de segunda e, em 1989, as de terceira geração, com dosagens cada vez menores.
Em seguida, com a descoberta de novos hormônios, foram lançadas pílulas com baixíssimas dosagens, que mantêm a eficácia, com menos efeitos adversos e riscos à saúde. Hoje, as indicações e contra-indicações ao uso da anticoncepção hormonal seguem parâmetros técnicos formulados pela Organização Mundial Saúde (OMS). E utiliza-se a pílula na forma combinada ou só com progesterona, em comprimidos usados por via oral ou via vaginal. E por outras formas e vias de administração, em produtos injetáveis, por adesivos colados à pele (patch), em anéis vaginais, por implantes subcutâneos e por dispositivos intrauterinos (DIU) com hormônio. E para uso imediatamente depois de uma relação sexual desprotegida, a chamada “pílula emergencial”.
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