O crime não compensa?

Agora, de acordo com a Justiça, ela já cumpriu um sexto da condenação e, por apresentar bom comportamento na cadeia, será beneficiada pela progressão de regime, prevista em lei
Acácio Pinheiro/CBPress - 22/05/03
Responsável pelo Caso Pedrinho, que chocou o país, Vilma já está de volta às ruas
Vilma Martins Costa, aquela dona gorda com cara de santa que assustou o país ao admitir, em Goiás, ter seqüestrado duas crianças para fazê-los filhos, na marra, está livre. Ou quase. Ela nem sequer precisa ir à cadeia para dormir. E eu, que já manifestei neste espaço a sensação de que todo brasileiro tem direito a matar um semelhante, pergunto agora: será que os poucos anos de xadrez foram suficientes para uma mulher que causou tanto sofrimento a outros?

Vilma responde por raptar, roubar ou seqüestrar (não importa o termo, mas foi maldade pura) duas crianças: Pedro Rosalino Braule Pinto, o Pedrinho, em 1986, de uma maternidade em Brasília e registrá-lo como Osvaldo Martins Borges Junior; e a menina Aparecida Fernanda Ribeiro da Silva de uma maternidade em Goiânia, em 1979, e registrou a criança como filha natural e com o nome de Roberta Jamilly.

O caso ‘‘Carlinhos’’ emocionou o Brasil. Por duas décadas, seus familiares procuraram o menino que um dia apareceu homem, com outro nome. Ainda atordoado, o país descobriu que outra ‘‘filha’’ de Vilma também tinha pais biológicos sofridos com o seu sumiço.

Condenada a 15 anos e nove meses de prisão, em 2003, Vilma já vinha cumprindo a pena em regime semi-aberto, na Casa do Albergado, em Goiânia, mas agora, de acordo com a Justiça, ela já cumpriu um sexto da condenação e, por apresentar bom comportamento na cadeia, será beneficiada pela progressão de regime, prevista em lei.

É a lei. Mas é justa? E as mães biológicas dos ‘‘dois filhos’’ de Vilma? Sei lá, mas cada vez mais me ponho a pensar no velho bordão do repórter Avelino Sobrinho, de décadas atrás: “O crime não compensa!” Será?

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