JOVENS : Direitos e deveres precisam se equilibrar



Mauro José Teixeira Leite
- Belo Horizonte

“Como professor, muito me preocupa a formação que estamos dando às nossas crianças e jovens. A juventude atual incorporou de maneira acentuada a expressão ‘direito’, bem como suas conotações e implicações. Temos dado a eles o poder de reivindicar e clamar por seus direitos. Tem-se direito à escola, à alimentação, à socialização, a bons tratos, ao amor, carinho, compreensão. Uma lista que não acaba mais. Direitos necessários e imprescindíveis para o desenvolvimento de uma sociedade justa e igualitária. Uma sociedade realmente democrática onde cada pessoa tenha condições mínimas de inclusão para se tornar cidadão. E os deveres onde estão? Ficaram esquecidos ou melhor foram banidos como uma praga, como um mal que não deve assolar nossas crianças e jovens em formação. A nossa juventude pouco dever tem ou quase nenhum. Falar em dever é cobrança a algo maléfico. Mas como promover o crescimento sem o senso de responsabilidade, sem o compromisso, sem o retorno, sem o esforço a ser dado. Estamos promovendo a era do direito sem nos preocuparmos com a velha frase: ‘Para cada direito existe um dever’. Os processos educacionais ficam cada vez mais permissivos e abertos, levando os jovens a uma consciência analítica e crítica do saber, tentando promover o crescimento do ser intelectual, social, emocional e afetivo. Mas, contudo, este crescimento não atrelado ao senso de dever e de análise crítica de si próprio ganha asas de dragão, aterroriza, destrói, é pernicioso. O desenvolvimento do ser tem de estar sustentado no equilíbrio entre os direitos e deveres. Deveres demais sufocam, maltratam, marginalizam, desgastam, tolhem, enjaulam, tiram do indivíduo a oportunidade de voar, ser livre e poder criar. Direitos demais irresponsabilizam, negligenciam, confundem, desnorteiam, viciam, levam à perdição e à falta de compromisso. O desenvolvimento e a educação da juventude têm que ser equilibrados, proporcionando liberdade e caminhos para que os jovens possam criar asas, sair do casulo, desabrochar como as flores, serem parte integrante da sociedade, livres em atos e pensamentos, mas comprometidos com seus direitos e deveres para consigo mesmos e para com a humanidade.”

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