As cores do talento

Projeto expõe no Palácio das Artes mais de 100 peças que traduzem em colorido e formas os trabalhos produzidos por estudantes da rede estadual em oficinas de artes plásticas
Thiago Herdy
Marcos Vieira/EM/D.A Press
Trabalhos da exposição aberta ontem têm como tema o corpo humano e buscam levar à reflexão sobre anatomia, pensamentos, medos e anseios.

Investimento que se concretiza em cores e formas. Os resultados das oficinas de artes plásticas do Programa Valores de Minas podem ser conferidos, desde ontem, no Espaço Mari’Stella Tristão, no Palácio das Artes, na Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro de Belo Horizonte. Por lá estão expostas pinturas, esculturas, modelagens, desenhos e instalações produzidos por 40 jovens de escolas da rede pública estadual que participam da edição mais recente do programa, uma parceria do governo de Minas com o Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas), iniciativa privada e entidades de classe.

A quarta exposição de trabalhos produzidos pelos meninos e meninas, desde o lançamento do programa, em 2005, tem como tema o corpo humano. Mais de 100 peças buscam levar à reflexão não apenas sobre anatomia, mas também em torno de pensamentos, medos e anseios presentes na vida do homem. A abertura da exposição ocorreu ontem à noite, com direito a apresentação de dança e teatro promovida por meninos que também participam do projeto.

“Defendemos um conceito macro, muito claro, de dar aos jovens a chance de usar a arte como ferramenta de transformação”, afirma o coordenador do Valores de Minas, Carlos Gradim, para quem a exposição tem dupla função: oferecer à população a oportunidade de conhecer o trabalho dos jovens que participam do programa e dar-lhes a chance de ocupar o espaço público. “Já houve família que ficou intimidada em entrar no Palácio das Artes. A idéia é descortinar esse espaço para a cidade”, conta o coordenador.

Talento e intimidade com a arte são elementos que unem as vidas de Isaac Fernando da Cruz, de 16 anos, e Glenda Alves Mendes, de 19, autores de vários trabalhos expostos na galeria. Estudante da Escola Governador Israel Pinheiro, no Bairro Durval de Barros, em Betim, na Grande BH, Isaac desenhava desde criança, principalmente em preto e branco. Está certo de que continuará traduzindo seu mundo por meio da arte pelo resto da vida.


Glenda mora no Bairro Independência, na Região Noroeste de BH. Para ela, os trabalhos são uma “forma de transmitir meus sentimentos, é um jeito de desabafar sem usar palavras”. Ela apresenta seis trabalhos individuais na exposição, “que falam sobre o corpo e coisas que, normalmente, as pessoas não notam”. Uma grande escultura, feita de cimento, é uma obra coletiva que contou com a participação de todos os jovens. Há muitas peças em gesso e auto-retratos.

A exposição ficará no Espaço Mari’Stella Tristão até o dia 21. Visitas de alunos de escolas públicas já estão agendadas para todos os dias. “O programa tem o intuito de servir de exemplo, de dizer que há uma possibilidade de reflexão”, explica Gradim. Os visitantes podem conhecer a mostra às segundas-feiras, de 18h30 às 21h, de terça a sábado, das 9h30 às 21h, e domingo, das 16h às 21h. Informações pelo telefone do Palácio das Artes: (31) 3236-7400.

O QUE

Definido pelos seus realizadores como “uma usina de cidadania que transforma a inquietude, curiosidade e as utopias de jovens mineiros em teatro, circo, música, dança e artes plásticas”, o Programa Valores de Minas já contou com a participação de mais de 2 mil alunos de escolas públicas estaduais. Os estudantes participam de oficinas de arte e cultura por um ano. Ao final, podem se transformar em multiplicadores do projeto em suas comunidades. A proposta vai além da experiência artística: história, literatura, ética e cidadania, também estão no currículo.

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