As conquistas de gênero alcançadas são de mérito dos movimentos feministas da década de 70, que lutaram contra a ditadura militar, pelas diretas e pela igualdade de direitos entre mulheres e homens na Constituição
Pesquisa mostra que mulheres têm pouco espaço no cenário eleitoralPolítica de cotas, uma saída à desigualdade?
As mulheres têm que fazer política para defender e denunciar as violações de seus direitos, mas a sociedade como um todo também deve assumir “a bandeira pela igualdade de direitos, de oportunidades e de condições”. A avaliação é de Maria Amélia Teles, da organização não-governamental União de Mulheres do Município de São Paulo.
Para ela, as conquistas de gênero alcançadas são de mérito dos movimentos feministas da década de 70, que lutaram contra a ditadura militar, pelas diretas e pela igualdade de direitos entre mulheres e homens na Constituição. “Foram as mulheres que denunciaram e mostraram seus hematomas adquiridos com a violência doméstica e familiar. Se não colocarmos a boca no trombone, não há mudanças, não há como enfrentar violações e abusos”, enfatiza.
Maria Amélia explica que, de acordo com estudos em torno do tema, quanto mais se melhora a vida das mulheres, mais se ganha na vida da comunidade. “Quando se defende as mulheres, se defende toda a humanidade. As mulheres são metade da humanidade e mães da outra metade”, esclarece.
Para Laisy Moriére, secretária nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), para se garantir a defesa dos direitos da mulher é importante que elas estejam onde se aprovam as leis. “É diferente articular com os parlamentares e ser a parlamentar com acesso a toda discussão, poder intervir diretamente”, pontua.
Dentre as mulheres que exercem papéis no cenário político atual, Maria Amélia considera favorável suas atuações em defesa dos direitos da mulher. Porém, Laisy lembra que estas enfrentam ainda muitas dificuldades frente a posição conservadora de muitos homens. “Na política, a afirmação do machismo é muito forte. Se acompanhamos as sessões das casas legislativas fica fácil constatar a truculência verbal em relação às mulheres. Até no Senado, quando alguns têm de fazer o debate político com uma mulher, partem para a baixaria”, lamenta.
Sônia Malheiros Miguel, sub-secretária de Articulação Institucional da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SEPM), ressalta que não basta ser mulher para se fazer uma boa política, pois ela não é naturalmente melhor do que o homem. Segundo Sônia, o que deve ser feito é trabalhar pela igualdade como valor humano, não pela disputa de gênero. (M.A.)
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