Cinema invade Sabará

Festival mineiro reúne obras de diretores que se dedicam à animação. A organização promete agradáveis surpresas para crianças e adultos
Walter Sebastião
Terpins Greco Estúdio/divulgação
Exposição no Teatro Municipal de Sabará mostrará maquetes e bonecos do filme A batalha, guerra do vinil, do diretor Rafael Terpins

Um novo evento estréia hoje: o Animará – Festival Internacional de Animação, realizado em Sabará. Será exibida cerca de uma centena de curtas-metragens, obras para crianças e adultos criadas por diretores brasileiros e estrangeiros com as mais diversas estéticas. As sessões começam amanhã e vão até o próximo sábado. A programação, gratuita, inclui oficinas, mesas-redondas e exposição.

Silvino Fernandes, coordenador da Casa de Animação, diz que a festa oferece amplos espaços para o visual, a ficção e a diversidade de técnicas de animação. “Vamos mostrar filmes de muita qualidade, tanto do ponto de vista do roteiro como no modo como se conta uma história. São obras de realizadores importantes, bem-feitas tecnicamente, com ambientes plasticamente maravilhosos. Há muitas surpresas”, garante.

“Priorizamos obras de linguagem fácil, com poucos diálogos, de entendimento tranqüilo, e outras que puxam pela imaginação e pelo intelecto”, explica. Os diretores têm, em média, entre 29 e 30 anos. “Mas já estão na estrada há algum tempo”, diz o coordenador do evento.

O enfoque internacional sinaliza a expansão mundial da linguagem de animação. “Hoje, ela está em toda parte, em filmes científicos, projetos de arquitetura, obras artísticas e projetos pedagógicos, criando panorama rico de questões”, afirma Silvino. Isso se deve às facilidades trazidas pelas novas tecnologias. A discussão sobre mercados para os produtos será o eixo das mesas-redondas do Animará.

Qual a importância de um festival de cinema? “Disseminar novos conceitos estéticos e visão de mundo ampla. É um trabalho de formação de público”, responde Silvino. O evento pretende fazer de Sabará referência em animação, “além de o Brasil olhar para Minas Gerais, pois está aqui a única universidade federal com curso de animação”, diz, referindo-se à Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“Festival é oportunidade de, em pouco tempo, assistir a filmes do mundo inteiro. Não só as animações tradicionais, mas trabalhos realizados com as mais diversas técnicas, conhecendo o que está sendo feito com linguagem que, a cada dia, é parte da vida das pessoas”, garante o brasiliense Alê Camargo, roteirista e diretor de Rua das tulipas. Esse curta foi selecionado para o Siggraph, de Los Angeles (EUA), considerado a mais importante mostra de computação gráfica.

Exposição no Teatro Municipal de Sabará receberá todo o material (maquete de favela com quase 300 barracos, cerca de 30 bonecos e cenários internos) do filme A batalha, guerra do vinil, cuja trama gira em torno do confronto entre os DJs Air e Black Jamanta – um, veterano; o outro, iniciante. O curta virou seriado de TV com quatro episódios de cinco minutos. “Queremos desdobrar o filme. Já temos argumento para a continuação da série, para longa-metragem. O projeto ganhou o apoio do grupo de rap Racionais MC’s”, conta o diretor Rafael Terpins. A fita não será exibida em Sabará.

“O fascinante na animação é a poesia, a fantasia. É possível contar histórias sem se prender ao real”, afirma Abi Feijó, premiado diretor português. Um curta-metragem dele (“são longas de cinco minutos”, brinca) está na mostra relativa à animação em Portugal.


ANIMARÁ

Abertura hoje, às 19h30, no Teatro Municipal de Sabará, com apresentação de orquestra de viola e intervenção de dança contemporânea. Amanhã: palestra, às 16h, de Quia Rodrigues (TVE Brasil e programa Animania) e João Alegria (TV Futura), no Teatro Municipal. Às 19h, mostra internacional no Cine-tenda, Praça Melo Viana, Centro Histórico de Sabará. Informações: (31) 3674-8865.

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