Pesquisa: gestantes de 6 capitais têm aids e outras DSTs


Chama atenção dos pesquisadores a prevalência de sífilis, que "pode trazer complicações sérias, inclusive com morte do feto ou parto imaturo". Pesquisa foi realizada em Manaus, Fortaleza, Goiânia, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.



Uma pesquisa do Programa Nacional de DST/Aids realizada em seis capitais brasileiras e divulgada nesta segunda-feira (15) revela que 42% das gestantes têm alguma doença sexualmente transmissível. Esse foi o primeiro grande estudo quantitativo sobre doenças sexualmente transmissíveis no país. Os dados refletem apenas a realidade das cidades pesquisadas: Manaus (AM), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS).


"A pesquisa vem ao encontro do que já esperávamos: as DST existem, mas não se quantificavam. E o que mais chama atenção é a prevalência de sífilis em 2,6% dos casos, e em 9,4%, de clamídia [doença infecto-contagiosa dos órgãos genitais masculinos ou femininos. Caracteriza-se pela presença (pode não ocorrer) de secreção (corrimento) uretral escassa, translúcida e geralmente matinal]. Principalmente porque a sífilis pode trazer complicações sérias, inclusive com morte do feto ou parto prematuro", diz o responsável pela Unidade DST do Programa Nacional de DST/aids, Valdir Pinto.


Do contingente de 42% de gestantes com DST, cerca de 11% tinham infecções bacterianas, que podem ser tratadas com facilidade, de acordo com a pesquisa. Outras 37% apresentaram infecções virais — aids (HIV) ou HPV. Ambas não têm cura, mas podem ser tratadas e, se a paciente não apresentar verrugas ou lesões genitais, o HPV não traz riscos à saúde dos bebês.


Além de clamídia e sífilis, a gonorréia apareceu em 1,5% dos casos. Foi constatado ainda que 10% das gestantes estudadas apresentaram infecções simultâneas das doenças.


O estudo foi realizado entre gestantes, homens empregados em pequenas indústrias – público escolhido porque a legislação obriga empresas com mais de 100 funcionários a terem médico do trabalho – e pessoas que procuraram serviços de saúde especializados em doenças sexualmente transmissíveis. Essas últimas constituem o público considerado como mais vulnerável pelas autoridades sanitárias.


"Nós queríamos essa população para saber como se comportam esses homens que não têm médico no trabalho. E o importante é que 5,2% deles tinham DST, quase 18% tiveram entre duas e quatro parceiras no ano anterior e 7,2% tiveram entre cinco e 10 parcerias sexuais. Isso tudo é o que torna ele mais vulnerável a transmitir e adquirir uma DST", afirma.

No total, foram feitos mais de 9 mil pessoas foram submetidas a exames de sífilis, gonorréia, clamídia, HIV, hepatite B e HPV. As gestantes e homens que trabalham em pequenas indústrias serviram, segundo os responsáveis pela pesquisa, como referência de amostragem para refletir a população das cidades analisadas.


Agência Brasil

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