Filme sobre seqüestro de ônibus no RJ vai à disputa do Oscar
A Comissão de Seleção designada para a indicação do longa-metragem brasileiro foi composta por seis jurados que decidiram consensualmente pelo filme: Antonio Alfredo Torres Bandeira, Cleber Eduardo Miranda dos Santos, Silvia Maria Sachs Rabello, Maria Dora Genis Mourão, Giba Assis Brasil e Paulo Sérgio Almeida, além do próprio Da-Rin.
O grupo destacou as qualidades do filme e o considerou representativo da produção brasileira contemporânea. "Última Parada: 174 tem qualidades narrativas e técnicas, bom roteiro, elenco e, sobretudo, boa direção”, explicou Da-Rin.
No Brasil, o filme estréia durante o Festival do Rio, que começa no próximo dia 25. Um dos requisitos para a seleção é que os filmes tenham sido lançados no país entre 1º de outubro de 2007 e 30 de setembro deste ano. Os filmes que concorrerão ao Oscar devem ser anunciados em 22 de janeiro de 2009. A premiação está prevista para fevereiro.
A trama
Escrito por Bráulio Mantovani (Cidade de Deus) e inspirado no documentário Ônibus 174, de José Padilha, o filme de Bruno Barreto traz no elenco Michel Gomes, Cris Vianna, Marcello Mello Jr. e Douglas Silva. Conta a história de Sandro do Nascimento — o menino de rua que virou notícia duas vezes ao longo de seus 22 anos de vida.
Primeiro, Sandro sobreviveu ao ataque do esquadrão da morte que matou um grupo de meninos acampados na Candelária, no centro do Rio de Janeiro, em 1993. O massacre ficou conhecido como “chacina da Candelária” e tomou conta do noticiário internacional.
Já em 12 de junho de 2000, sete anos depois, Sandro seqüestrou o ônibus que percorria a linha 174 e manteve vários reféns, em frente ao Jardim Botânico. O drama dos passageiros e as negociações duraram horas e foram acompanhadas ao vivo pela TV. O episódio resultou na morte do jovem e da última remanescente dos reféns, a professora Geísa Gonçalves, por causa de uma ação desastrada e absurda dos policiais encarregados do caso.
Última Parada: 174 foi rodado há um ano, no Rio de Janeiro. O longa-metragem reproduz os momentos em que Sandro — interpretado por Michel Gomes, do grupo Nós do Morro — seqüestra o ônibus e faz reféns os passageiros da linha 174. A cena foi filmada no local exato onde a tragédia aconteceu, em frente ao Jardim Botânico.
''Na ocasião da tragédia, eu morava nos Estados Unidos e só havia lido sobre o assunto'', disse o cineasta Bruno Barreto, que disse ter pensado no filme após ver o documentário de José Padilha. “(Ônibus 174) me inspirou de uma maneira indireta, porque o meu filme está totalmente na contramão do documentário, que tem uma estrutura de thriller. O meu filme é uma história humana, na qual o (seqüestro do) ônibus 174 é apenas o climax.''
Da redação, com agências
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