CARREIRA

Biólogo estuda plantas e animais

Curso envolve excursões a ecossistemas; profissional pode atuar com projetos de impacto ambiental

Recentemente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu a luta contra os problemas climáticos -que fora deixada de lado pelo governo anterior, de George W. Bush. A mudança de atitude representa a preocupação crescente do mundo com a questão ambiental. No Brasil, por exemplo, cada vez mais empresas plantam árvores para compensar os danos que fazem ao ecossistema. E são os biólogos que costumam trabalhar com projetos de impacto ambiental desse tipo.

De acordo com o Ministério da Educação, há no país cerca de 200 cursos na área.
Na cidade de São Paulo, ainda segundo o MEC, só há o da Universidade de São Paulo. Criada nos anos 40, a graduação foi reformulada na década de 70, quando foi criado o Instituto de Biociências, que hoje abriga o bacharelado.
"O nosso curso tem grande fundamento teórico, mas a parte prática também é muito importante", afirma Welington Braz Carvalho Delitti, diretor do instituto. É na parte prática que estão os trabalhos de campo, quando os alunos fazem excursões pelos ecossistemas brasileiros. Nos últimos anos, os alunos foram estudar a mata atlântica na Ilha do Cardoso e conhecer o cerrado em Pirassununga -os dois destinos no Estado de São Paulo. As viagens são pagas pela escola.
Geralmente, o curso de biologia é integral e dura quatro anos. Na USP, onde a graduação se chama biociências, ainda há a opção noturna, mais demorada -de cinco a seis anos.
"Quem pensa em ser biólogo tem de ter afinidade com animais e plantas", afirma Welington. "Porque, mesmo que quiser trabalhar com botânica vai ter de estudar a parte animal. E vice-versa", diz ele.
Além disso, acrescenta Ana Júlia Fernandes Cardoso de Oliveira, coordenadora do curso de ciências biológicas da Unesp de São Vicente, "é preciso gostar de matemática, química e física". Ela diz que muitos alunos levam um choque quando entram na faculdade e veem que essas matérias são tão necessárias quanto as disciplinas ligadas diretamente à biologia. "Acham que só vão estudar o que gostam, mas não é bem assim", diz ela.
"Outro engano dos jovens é achar que, saindo do curso, já vão trabalhar no mar", diz ela. "É difícil e demora conseguir atuar na área desejada."
Na Unesp, há cursos de biologia em oito campi. Em São Vicente (a 65 km da capital), o aluno pode se graduar em duas habilitações: biologia marinha e gerenciamento costeiro. Quem quiser fazer as duas pode, depois dos quatro anos da graduação, cursar mais um ano para ter o segundo título.
De acordo com o professor Welington, da USP, o mercado de trabalho está em uma época boa. "Na área acadêmica, há até carência de profissionais", diz ele. Mas, além de trabalhar em salas de aula, o campo de atuação dos biólogos é bastante amplo. Há vagas em órgãos públicos, como secretarias de ambiente, e em empresas particulares, na parte de impacto ambiental, por exemplo.
Eduardo Antônio Ananias, 23, optou por se dividir entre a área acadêmica e a empresarial. Formado no bacharelado no fim do ano passado, ele agora está fazendo licenciatura. Divide o seu dia entre as aulas na USP e os dois trabalhos: dá aulas no colégio Giordano Bruno, na zona oeste, e trabalha em um escritório de arquitetura, com projetos ambientais.
Ele decidiu fazer o curso no final do ensino médio. "No colegial descobri que eu gostava mais das matérias de biologia", diz ele. "Aí, tinha dúvidas se fazia um curso de biologia, medicina ou farmácia. Acabei escolhendo biologia e não me arrependo nem um pouco."
Institutos como o Butantan e parques zoológicos também são opções para os profissionais. Outra área é a de pesquisa, trabalhando em laboratórios. Um biólogo pode, por exemplo, por meio de estudo, descobrir se uma pessoa terá a doença genética presente em sua família.
Foi devido ao crescimento do mercado que o Centro Universitário Barão de Mauá, em Ribeirão Preto (a 313 km da capital), ampliou o seu curso de biologia. Até o ano passado, a escola só oferecia a licenciatura na área. A partir deste ano, os alunos ingressantes saem com os dois títulos: o do bacharelado e o da licenciatura. "A procura pelo curso é grande, o mercado está bom, então, resolvemos fazer o bacharelado", afirma Lucimara Zuanazi Pinto, coordenadora do curso na instituição.
O salário inicial de um recém-formado vai de R$ 800 a R$ 1.500. (LAS)

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