Um mundo sem racismo é possível

Movimento negro brasileiro e organizações africanas discutem estratégias para combater o racismo.

Suelma Inês Alves de Deus , Gevanilda Santos

O FSM contou com a participação de várias organizações do Movimento Social Negro Brasileiro e algumas organizações de países africanos, cada uma dentro da sua área de intervenção, debateram e refletiram com os participantes os problemas que dizem respeito às relações raciais brasileiras e conflitos internacionais que a cada dia ganham maior visibilidade. Pessoas das mais variadas áreas de atuação e origem étnica demonstraram interesse em compreender a construção ideológica do racismo e os problemas decorrentes da discriminação racial, preconceitos e todas as formas de intolerância. Questões de gênero, educação, saúde, trabalho, criança e juventude, foram alguns dos pontos discutidos nas oficinas.

SOWETO ORGANIZAÇÃO NEGRA FALA SOBRE A EDUCAÇÃO POPULAR NO FÓRUM SOCIAL MUNDIAL. BELÉM (PA)

Em roda de conversa realizada dia 29 de janeiro como atividade no FSM, a Soweto Organização Negra, dialogou com os participantes sobre a importância da educação popular na intervenção política de combate ao racismo e todas as formas de discriminação.

Foi relatado que em 2005 a Soweto se aproximou dos pressupostos teóricos metodológicos de Paulo Freire, a partir da perspectiva de trabalhar com a formação de jovens destacando a continuidade da resistência intergeracional de combate ao racismo.

Para a Soweto os pressupostos teóricos auxiliam no entendimento e identificação de como o racismo é percebido por cada grupo ou pessoa e potencializa a ação política conscientizadora já desenvolvida no interior do Movimento Negro, porém, às vezes, não reconhecido como tal. Alguns elementos já utilizados como estratégia de resistência no Movimento Negro foram identificados, como a resistência histórica, a oralidade, a ancestralidade, a dinâmica intergeracional das vivências comunitárias.

Na atividade, os participantes puderam vivenciar como a organização atua em sua metodologia de ação política. O diálogo foi horizontal, os participantes expuseram seu ponto de vista, algumas histórias de vida e a visão de mundo. Ao termino da atividade os impasses e desafios foram encaminhados coletivamente.

Para a Soweto, o importante em sua ação política é discutir, a partir da educação popular, as estratégias para enfrentar o racismo, fortalecer os segmentos sociais que estão em vulnerabilidade por não conseguirem identificar como o racismo age e como enfrentá-lo.

ASSEMBLÉIA DO CONGRESSO DE NEGRAS E NEGROS DO BRASIL (CONNEB)

O Congresso de negras e negros brasileiros marcou presença no Fórum Social Mundial. Depois de visitar a cidade de Belo Horizonte para realizar sua primeira assembléia e a capital de São Paulo na sua segunda assembléia.

O CONNEB visitou a cidade de Belém do Pará com sua terceira assembléia realizada no auditório do Teatro Gasômetro, centro de Belém. O objetivo do CONNEB é construir um projeto político do povo negro para o Brasil.

A coordenação nacional do Conneb é formada por entidades negras de âmbito nacional, como Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), Movimento Negro Unificado (MNU), UNEGRO, Fórum Nacional de Mulheres Negras, Agentes de Pastoral Negros (APN’s), Círculo Palmarino e outras organizações que compuseram a da coordenação do Pará como o Cedenpa e o Mocambo.

A passeata contra a Intolerância Religiosa abriu a assembléia e contou com a presença de autoridades locais e representantes de movimentos sociais presentes no fórum social mundial de Belém.

Os temas debatidos na assembléia foram o projeto políticos que queremos; soberania nacional e resistência da amazônia negra; regularização fundiária e a questão quilombola e o genocídio da juventude negra.

O ministro da Igualdade Racial, Edson Santos esteve na assembléia do Conneb, e ouviu as reivindicações das organizações presentes na assembléia. Entre as diversas reivindicações consta a atenção e agilidade na demarcação e titulação das terras quilombolas, maior empenho na aprovação do Estatuto da Igualdade racial e PL73/99, agilidade na aprovação dos projetos enviados à SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial).

A assembléia de negras e negros de Belém recebeu a visita do Comitê africano do FSM e foi reafirmado a unidade entre os povos Afrodescendentes na diáspora entorno do movimento pela reparação.

A CONEM afirmou que reparação social e política para negras e negros do Brasil por 500 anos de exploração e opressão deve estar comprometida com o projeto político que queremos, um projeto político capaz de superar a opressão de raça, classe e gênero.

Ao final da assembléia foi anunciada uma unidade de ação entre organizações do movimento negro e alianças com os demais movimentos sociais capaz de fortalecer o projeto político que queremos. A próxima assembléia do CONNEB será em Porto Alegre/ RS.

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