Para promotor, Fórum Social reúne 'terroristas e marginais'



Gilberto Thums, um reacionário promotor do Ministério Público Estadual do Rio Grande do Sul, classificou o Fórum Social Mundial (FSM) como encontro de “terroristas e marginais”. As declarações foram dadas à edição de janeiro da revista Expansão.


O promotor também critica os intelectuais e os próprios colegas do ministério na entrevista. Mas a opinião de Thums está longe de surpreender. Ele foi um dos promotores do MP gaúcho a pedir a extinção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

“Com o Fórum, para onde vieram terroristas e marginais de tudo que é espécie pagos com dinheiro público, veio também o pessoal das Farcs, da Colômbia, para mostrar aos brasileiros que a forma de reivindicação não era a que estava sendo utilizada", declarou Thums.

O Fórum Social Mundial é organizado desde 2001 por inúmeras entidades e movimentos sociais de todo mundo. A nona edição do FSM ocorreu em janeiro em Belém, no Pará, reunindo mais de 150 mil pessoas. Entre os “terroristas e marginais” participantes, estavam cinco chefes de Estado sul-americanos.

“A intelectualidade é toda de esquerda”, prossegue o ultraconservador Thums, na entrevista. “É muito fácil ganhar R$ 20 mil por mês e ser de esquerda. No próprio Ministério Público temos procuradores da justiça ganhando R$ 21 mil. E são vermelhos, esquerdistas, são do PCdoB, por exemplo", afirma Thums, à maneira Jarbas Vasconcelos — sem dar nomes aos bois nem apresentar provas.

No dia 10 de fevereiro, o governo do Rio Grande do Sul e o MPE voltaram a criminalizar o MST, ao decretaram o fechamento de todas as escolas itinerantes em acampamentos gaúchos. A medida interrompeu as aulas de 300 crianças em um acampamento em Sarandi, no norte do estado. A previsão é de que outras escolas sejam fechadas ainda este mês.

Segundo o Ministério Público, a decisão foi tomada com base em um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), assinado pela instituição e pelo governo Yeda sem conhecimento ou a participação dos outros entes interessados — pais, educandos e a escola-base, onde as crianças estão matriculadas. O TAC também ignora e desrespeita as Diretrizes Operacionais para Escolas do Campo, aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação em 2002, baseada na Lei de Diretrizes Básicas da Educação/LDB de 1996.

O Rio Grande do Sul foi o primeiro estado do Brasil a reconhecer e regulamentar as Escolas Itinerantes, através de parecer do Conselho Estadual de Educação em 19 de novembro de 1996. A experiência gaúcha permitiu a instalação de escolas em acampamentos em diversos estados, como Sergipe, Paraná, Bahia, entre outros.

A decisão do MPE e da governadora Yeda Crusius retoma a decisão do Ministério Público, publicada em ata em dezembro de 2007, em “extinguir” o MST. O fechamento das escolas era uma das medidas previstas pela ata do MPE. No ano passado, com a denúncia pública da ata, o MPE alterou duas vezes o conteúdo da decisão e declararam rever a decisão.

O MST teme que o governo do estado e o MPE reiniciem as ações ilegais de criminalização elaboradas pelas duas instituições. Entre essas ações, os dois órgãos lutam para impedir que os trabalhadores rurais possuam título de eleitor ou realizarem reuniões ou manifestações.

Da Redação, com informações do site do MST


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