Mães maiúsculas

União é a tônica entre essas mulheres
Deborah Aguiar Machado Damasceno, Enfermeira no setor de pediatria do Hospital das Clínicas da UFMG
Abnegação, anulação própria, doação – muitas são as palavras para tentar descrever essas mulheres maravilhosas. Que amor é esse? Essas mães são mulheres de fibra, que resistem a provações que, provavelmente, outras tantas sequer conhecerão. Somente elas sabem o que é ver seu filho num sofrimento tamanho, que mal é possível expressar ou descrever. Elas, antes mulheres leigas, tornam-se especialistas nas doenças de seus filhos pelo enorme amor que sentem por eles. Em meio a lágrimas e palavras de alento, elas conseguem fazer seus pequenos passarem por situações tão desconfortáveis e dolorosas, inerentes a internação hospitalar, com o mínimo de sofrimento possível. Poltronas desconfortáveis e falta de privacidade não são problemas para elas, mulheres guerreiras. Abrem mão de suas vidas por aquelas crianças. Passam meses sem sair do hospital, abandonam casa, trabalho, amigos, vida pessoal etc. E tudo isso para se dedicar ao filho de corpo e alma.

Mas se o leitor pensa que, depois de tanto desgaste, essas mulheres aparentam cansaço. Ledo engano! A qualquer momento que passemos pelas enfermarias, somos recebidos com sorrisos e informações precisas sobre a criança, que somente uma mãe seria capaz de fornecer. Lidar com problemas de saúde, malformações severas e doenças terminais não é tarefa simples para qualquer pessoa. Quando esse quadro é o de uma criança que mal começou a dar os primeiros passos na vida, é realmente desolador. E quando essa criança é o filho, é preciso muita força. O mau prognóstico de suas possibilidades, ou seja, a constatação de que o tratamento não está tendo o resultado esperado e a doença está avançando, não afasta essas mães. Pelo contrário, parece despertar dentro delas um amor ainda maior, capaz de amenizar o sofrimento daquela criança e tornar o triste fim menos doloroso e mais breve para aqueles pequenos, que partem dessa vida livres de pecados e cheios de inocência.

A solidariedade entre essas mulheres também chama a atenção. Seja um afastamento de poucos metros, para ir ao sanitário, seja para resolver problemas externos. Há sempre a mãe de um paciente vizinho a postos, que se torna temporariamente mãe de dois pacientes. O coração dessas mulheres não tem medidas, não importando o tamanho do sofrimento de seu pequeno; elas são sempre capazes de amar ao próximo, dedicando a ele amor e atenção tais quais o de sua verdadeira mãe. É, sem dúvida, uma bela lição o que aprendemos com essas mulheres grandiosas.

Lição sobre o amor incondicional, a paciência necessária para suportar os longos períodos de internação e suas agruras e a aceitação daquilo que não pode ser mudado e da força para suportar a morte dos pequenos, muitas vezes, prevista e inevitável. E respondendo à pergunta inicial, ‘que amor é esse?’, digo que ele é aquele amor que toda mãe tem pelo filho, independentemente de cor, raça, classe social e estado de saúde, e que se multiplica e fortalece quando o filho enfrenta situações de perigo. Mães da pediatria, vocês são um exemplo.

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