Rosângela Firmino dos Santos
Aluna do 2º período de direito da Faculdade Dom Helder CâmaraQuem diria? Pois é. Ninguém nota mais está aí e se chama infidelidade virtual. Mais fácil de administrar, sem causar o inevitável conflito doméstico, sem cartão corporativo, sem exposição à crítica de terceiros, a menos que a outra parte ponha a boca no trombone. É curioso, mas descobre-se também que a classe social mais baixa, portanto, com menor informação, é a que menos comete este delito a moda atual e virtual, preferindo à moda antiga e real. A tecnologia avançada e moderna, o alto padrão cultural de alguns, a curiosidade de assimilar coisas novas, acesso voluntário e rápido somam-se, totalizando uma explosão de efeitos inesperados e indesejados numa relação conjugal. Navega daqui, navega dali, enfim, chega lá no começo do fim.
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O distanciamento nas relações é um forte indício revelador de que algo ocorre na mais velada discrição. Nas noites insones, no excesso de trabalho, na azia, tudo é motivo para se ausentar do convívio familiar, no recanto confortável da sala de computador. Observa-se que a ausência é dentro do próprio lar. Ocorrendo um vazamento de informações do navegador desatento a (o) esposa (o) que equilibra o adereço desconfortável na sua cabeça, digo, chifre, sente o desconsolo, ao constatar a real troca, por um caso virtual. Impossibilitada (o), no calor da descoberta de proferir impropérios, cara a cara engole seco, silenciosamente, pois, ato contínuo, quebrar o computador como se quebrasse o cara, ou a cara, não vai resolver nada. O melhor é esperar. Eis que, ao adentrar o recinto acolhedor, com as mesmas desculpas, o inesperado acontece. O que era virtual agora é real. É físico.
É a revolta, a traição e a dor de ser enganado, ganhando forma e volume imensuráveis. E o pau quebra. Afinal era tudo tão metódico, tão certinho? Como é que ocorreu? Hoje, tudo mudou. Até a traição. Só que, de cara nova, ela vem em embalagem moderna, não causa repulsa e é até companheira, evita gastos supérfluos, fotos comprometedoras e por aí vai... Bem diferente da forma antiga, conservadora e tudo o mais. Mas como se explica o sorriso virtual que o fato delituoso deixa no rosto do suposto “infrator”? Aquela felicidade alcançada pela demência passageira?
Portanto, é de relativa importância a atenção em casa, para que, amigos e amigas de plantão, a tecnologia virtual não nos furtem os nossos cônjuges reais, tirando os bens emocionais, a alegria, convivência, felicidade, amor, fidelidade e, em contrapartida, deixe a dor, a revolta, a humilhação, o desconsolo e a decepção jamais reparada pelo dano causador da tragédia conjugal. Ah! Esqueci! Fica bem real, se vai ao tribunal! Mas aí é outra história!
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