Fale sem medo: “Não à violência doméstica”
A cada 15 segundos pelo menos uma mulher é espancada no Brasil. Mas a minoria recorre ao Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher). Entenda o que pode ser considerada “violência doméstica” e a quem recorrer neste caso
Glycia Emrich
O que é?
A Lei Maria da Penha (que acaba de comemorar seu segundo aniversário) especifica que a violência contra a mulher pode ocorrer em três esferas:
- Doméstica: Na residência onde convivem parentes ou não, incluindo pessoas que a freqüentam ou são agregadas;
- Familiar: Indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade;
- De qualquer relação íntima de afeto: Aqui o agressor pode conviver ou ter convivido com a vítima, independentemente se vivem debaixo do mesmo teto e se são hetero ou homossexuais.
Tipos de violência
Psicológica: Atitudes que atingem a auto-estima da mulher, exemplo: que a manipulem, intimidem ou que a façam sofrer ameaças, agressões verbais, humilhação e isolamento.
Física: Nada de dizer que “um tapinha não dói”. Aqui se enquadram os atos que ofendem a integridade física da mulher, como: tapas, socos, pontapés, beliscões, empurrões, puxões de cabelo e arranhões.
Sexual: Ninguém é obrigada a manter relações sexuais contra a sua vontade.
Moral: Qualquer ato que configure calúnia, difamação ou injúria.
Patrimonial: Destruição de objetos pessoais (instrumentos, documentos e outros pertences) ou transferência de bens à força.
Ligue 180
Em qualquer um dos casos acima, você deve recorrer ao Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher). “Cada atendimento muitas vezes pode significar uma vida salva”, sinalizou a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, durante a coletiva de imprensa da campanha “Fale sem Medo – Não à Violência Doméstica”, promovida pelo Instituto Avon, em São Paulo.
Basta um telefonema: “Tivemos casos em que as mulheres que estavam sendo agredidas naquele momento conseguiram se trancar em um banheiro e, através de um celular, ligar na Central, que acionou a polícia e fez a prisão em flagrante”, relata a ministra.
Neste ano já foram registrados mais de 200 mil atendimentos na Central. Mas isso ainda é pouco diante da realidade. “Somente 1% dos entrevistados diz conhecer ou achar que as mulheres que vivenciam a violência recorrem ao número 180. Mas se ampliarmos o conhecimento sobre ele (Ligue 180), imagine quantas mulheres poderemos ajudar e quantas vidas poderemos salvar?”, comenta Nilcéa.
Avon Foundation
A atriz hollywoodiana Reese Whiterspoon, 32 anos, é embaixadora Global da Avon desde 2007. Ela veio ao Brasil recentemente para ajudar a divulgar o lançamento da campanha (“Fale sem Medo – Não à Violência Doméstica”).
“Como sou famosa e a mídia se interessa pela minha vida, acho importante falar sobre essas questões. A violência doméstica é um tema sem barreiras que afeta todo mundo, independente da situação financeira”, diz a norte-americana protagonista da comédia “Legalmente Loira”
“É perturbador saber que uma em cada três mulheres no mundo inteiro é afetada por algum tipo de violência. Entre todas as mulheres da América Latina, cerca de 30% a 40% já passaram por isso. E bem mais da metade não denuncia!”, aponta Reese. “Apesar de não ter sofrido pessoalmente nenhum tipo de violência, as estatísticas mostram que não existe uma mulher no mundo que não conheça uma amiga ou um parente que esteja sofrendo violência!”, declara ela.
Clube da Luluzinha, nada!
Esse NÃO é um assunto só para elas. A diretora regional do UNIFEM (Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento das Mulheres) para o Brasil e Cone Sul, Ana Falú, chama a atenção: “Precisamos contar também com os homens. E é nesse sentido que o Secretário Geral da ONU, o senhor Ban Ki-Moon, promove uma campanha mundial de conscientização dos homens. E já sabemos que o presidente Lula irá aderir a essa campanha...”, adianta ela.
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