Ódio à escravidão moveu idéias de Darwin



Um novo livro sobre Charles Darwin diz que um ódio passional à escravidão foi fundamental para que ele desenvolvesse a sua teoria evolucionista. A teoria foi contra a suposição de muitos à época de que negros e brancos eram de diferentes espécies.


Darwin's Sacred Cause (A Causa Sagrada de Darwin) é um dos primeiros entre as dezenas de trabalhos sobre o cientista do século 19 que deverão ser lançadas em 2009 — ano do bicentenário de seu nascimento e quando se completam 150 anos da publicação do revolucionário A Origem das Espécies. Os autores do livro, Adrian Desmond e James Moore, também acreditam que ele será dos mais polêmicos.

A obra explora o que os dois chamam de humanitarismo de Darwin — e contesta a noção de que suas conclusões tenham sido resultado apenas da busca científica. "Deve haver razões para ele ter chegado a imagens da origem comum da evolução quando não havia precedentes para tanto na zoologia de seu tempo", disse Desmond à Reuters. "Isso vem do antiescravagismo."

"Ninguém duvida que as ilhas Galápagos, os tentilhões, as preguiças gigantes e as tartarugas gigantes tenham sido absolutamente fundamentais para seus pontos de vista e para o que ele estava interessado", agrega Desmond. “Mas é preciso observar um certo princípio norteador. Cada navio levava mais de um naturalista naqueles tempos. Por que nenhum deles chegou a essa idéia da origem comum, ainda que a maioria deles tivesse exatamente a mesma evidência?"

Moore disse que o livro não pretendia simplificar o argumento para "sou contra a escravidão, portanto sou evolucionista". E acrescentou: "Esse não é um argumento reducionista. Estamos ressaltando que era preciso que Darwin acreditasse em uma 'ciência da fraternidade' para ver a origem comum. Não podemos descobrir de onde mais ele teria tirado isso."

Desmond e Moore voltam ao naturalista 18 anos após lançarem Darwin — a aclamada biografia do homem que chegou à conclusão de que todas as espécies evoluíram de ancestrais comuns. Como o próprio cientista sabia, suas teorias foram revolucionárias. Ele derrubou os humanos de seu pedestal ao sugerir que compartilhamos ancestrais com macacos e lesmas, acabou com as pesquisas científicas sugerindo que brancos eram de uma espécie superior aos negros e contestou suposições criacionistas.

Desmond e Moore argumentam que o seu ponto de vista é importante porque mostra que Darwin foi movido por desejos e necessidades humanas. A tese dos autores renova as luzes sobre trabalhos atacados até hoje por serem considerados moralmente subversivos.

Da Redação, com informações da Reuters

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