O hip hop e o grafite nasceram juntos, mas cresceram separadamente. Entenda um pouco destas manifestações.
Ivy Farias
No final da década de 60, os negros americanos do Bronx, região periférica de Nova York, começaram um dos movimentos culturais populares mais importantes do século. Conhecido como uma espécie de cultura das ruas, o hip hop logo ganhou fama como uma manifestação de música, dança e arte nas paredes, o grafite.
"Os dois são linguagens que nasceram nas ruas, têm identidade e conteúdo didático que estão dialogando e resgatando a auto-estima das comunidades periféricas", acredita Denis Sena, grafiteiro de Salvador.
O artista explica que tanto o grafite como o hip hop são maneiras que as pessoas de classes mais baixas encontraram para se comunicar. "Os dois representam um pouco do que se vive na periferia, que como quem mora no centro, também tem a necessidade de se expressar", explica.
O DJ Thaíde conta que o grafite surgiu como uma maneira para o hip hop se manifestar visualmente. "No começo, a galera do hip hop e do grafite andava junto. Era uma questão de protesto, ajudava a delimitar a área", diz.
Hip Hop X Grafite?
Quem gosta de grafite curte hip hop e vice-versa? Nem sempre. Para Gustavo Pandolfo, da dupla de grafiteiros osgêmeos, este estgima é coisa do passado. "Foi se o tempo, hoje cada um escuta o que quiser", diz ele, que tem ouvido muita música brasileira nos últimos tempos.
"O grafite é parte do hip hop, mas o hip hop pode não fazer parte do grafite", afirma Thaíde. Para o cantor, o grafite hoje está profissionalizado, porém, não distante de suas origens. "As artes não se desligaram, muito pelo contrário, se complementam. Acho a essência é a mesma, mas é importante ter um intercâmbio com outros estilos até para não produzir sempre a mesma coisa", fala.
O grafiteiro Nunca é a prova de que não é preciso gostar de um para gostar de outro. "O grafite extrapolou os limites do hip hop. Eu escuto rock, Chico Buarque... Estou sempre escutando música, mas não necessariamente o hip hop ", conta.
Denis Sena concorda com Nunca. Para ele, o grafite como conhecemos hoje está aberto a todos os ritmos. "O grafite sempre teve influências, desde o punk rock até o new wave. Mas agora cada um traz a sua própria referência", diz.
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