União quer proibir revista que chama brasileira de 'máquina de sexo'


A pedido da Embratur, a AGU acionou a Justiça Federal do Rio para tirar de circulação um guia turístico para estrangeiros

FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A pedido da Embratur, a AGU (Advocacia-Geral da União) acionou a Justiça Federal do Rio para tirar de circulação um guia turístico para estrangeiros sobre a capital carioca. A publicação "Rio For Partiers" (Rio para festeiros) define parte das brasileiras como "máquina de sexo bunduda".
Segundo a Embratur, o guia "viola a dignidade humana e expõe o povo brasileiro a situação vexatória". A publicação, vendida pela internet, é editada em inglês pela Solcat Publishing Editora e está em sua 7ª edição.
De acordo com o site do guia, são vendidos cerca de 8.000 exemplares anualmente.
Segundo a ação da AGU, o guia classifica as mulheres brasileiras em quatro grupos: "Britney Spears", "popozuda", "hippie/raver" e "Balzac".
As primeiras seriam "as filhinhas de papai, se vestem como a Britney Spears, são maravilhosas, mas não deixam ninguém cantá-las. Pode esquecê-las a menos que seja apresentado a uma".
Já a "popozuda" é definida da seguinte forma: "Máquina de sexo bunduda (...). Bom para você investir seu tempo porque o motel é sempre uma possibilidade com essas maravilhas". Segundo o guia, "elas malham, usam calças apertadas enfiadas na bunda, pintam o cabelo de loiro e se esforçam ao máximo para aparecer".
As "hippies/ravers" são definidas como "garotas divertidas, fáceis de se aproximar, fáceis de conversar, difíceis de beijar, fáceis de ir para a balada". A "Balzac", por sua vez, seria a mulher que "quer se divertir, dançar, beber e beijar". O guia sugere ao estrangeiro para trata-la "como uma dama, que elas te tratarão como um rei, talvez não hoje a noite, mas amanhã com certeza".
Para a Embratur, no entanto, o guia estimula a prática de exploração sexual e utiliza em sua capa, sem autorização governamental, um selo do Ministério do Turismo -o Brazil Sensational-, criado em 2005 para estimular a vinda de turistas estrangeiros ao Brasil.
A Embratur também afirma que o livro explicaria aos estrangeiros que os bailes de carnaval são "festas ao ar livre com atividades de semi-orgia (não tem sexo em público, mas é garantido quando você traz ele/ela de volta)".
A Folha tentou comprar o livro pela internet, mas não obteve sucesso. Também tentou falar com o autor da publicação, Cristiano Nogueira, que não atendeu o telefone até o fechamento desta edição.
A AGU cita a Lei de Imprensa para justificar o pedido, alegando que o guia pratica "abusos no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e informação".
Também alega que "o teor da publicação viola os princípios da Política Nacional de Turismo e, em última instância, um dos fundamentos do próprio Estado Democrático de Direito- a dignidade da pessoa humana (...), tendo em vista a exposição vexatória do povo brasileiro com o intuito de promover a exploração sexual".
Até o início da noite de ontem, a Justiça do Rio de Janeiro não havia analisado o caso.

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