Toma Lá Dá Cá

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SEM VIOLÊNCIA

Sara Rodrigues Dumont*

Meu nome é Sara, tenho 10 anos e sempre estudei nesta escola. Aprendi a ler no 2º período, aos 5 anos, graças aos esforços de minha família e meus professores. Sou uma criança tranquila, não gosto de brigas e confusões na escola e na rua. Curso a 4ª série e minha professora me incentiva muito. Ela é maravilhosa, amorosa, carinhosa e humana. Mesmo com minha mãe doente, tenho muito apoio de meu pai e meu irmão, que não me deixam ir à escola sozinha. Eles me levam e buscam, pois sabem dos perigos, já que moro numa região marcada pela violência. Meu pai sempre evitou falar em drogas, bebidas e cigarros e em nossa região o que mais ocorre é isso.

Com a chegada do professor Mendes, um policial competente, brincalhão e alegre, é que fui entender melhor as causas da violência no bairro. Ele nos ensinou a tomar decisões para ficarmos longe das drogas. O Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) me ajudou muito a entender a causa de tanta violência. Fiquei sabendo os horrores que uma pessoa drogada ou alcoolizada é capaz de fazer. O professor Mendes nos ensinou que não devemos ser agressivos e, se alguma pessoa nos oferecer algum tipo de droga, temos de dar um jeito para sairmos fora dela. Além da violência, as drogas prejudicam a saúde, destruindo o coração, fígado, pulmões, cérebro, causando doenças como o câncer, que ainda não tem cura em grande parte dos casos, e a pessoa acaba morrendo. Gente viciada e violenta só tem dois caminhos: a prisão ou a morte.

Com as aulas do Proerd, minha professora fazia algum comentário, reforçando o que tinha sido estudado com o professor Mendes. Um dia ela fez a seguinte pergunta: “Vocês conhecem algum bandido que está bem velhinho até hoje?”. Um colega levantou a mão e disse: “Meu avô. Foi uma risada geral na sala”. Isso porque ele não prestou atenção na pergunta. Gosto de ver TV, mas não vejo novelas porque sou evangélica e papai não deixa, mas acompanho reportagens e entrevistas, porque preciso para os meus trabalhos na escola.

Estou acompanhando o caso Isabella Nardoni e estou triste, pois até agora os culpados são o pai e a madrasta, nesse crime que chocou todo o país. Gostaria de fazer uma pergunta: “Será que o pai estava drogado?”. Para mim, uma pessoa normal não faria uma brutalidade dessas com uma filha de 5 anos. Agradeço ao professor Mendes tudo o que aprendi. Foi ele que me deu a oportunidade de conversar com meu pai sobre tudo o que já sei. Te amo, Mendes, você é mil!

*Aluna da Escola Estadual Engenheiro Prado Lopes, em Belo Horizonte

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