ISLÃ


Militar da reserva analisa radicalismo


Manuel Cambeses Júnior - Rio de Janeiro

“Certamente, não é a mesma coisa falar de árabes e de islamitas. O islã é fundamentalmente árabe, porém, nem todos os árabes são seguidores da sharia, a lei baseada nos textos sagrados. Existem árabes católicos, como os libaneses, e também árabes ateus e socialistas, como os que impuseram a revolução no Egito. Da mesma maneira, encontramos islamitas na África e Ásia, que não são etnicamente árabes. Entre os grupos muçulmanos, há diferenças pronunciadas. Há os verdadeiramente fiéis, seguidores das práticas do Corão, o livro sagrado do islamismo; os que apregoam a espiritualidade e a paz; e o grupo mais radical, os extremistas, dementes que invocam o nome de Deus para perpetrar e justificar atos terroristas. Entre os mais radicais, os que tomaram para si a Jihad, ou ‘guerra santa’, são os que desataram uma carnificina mundial. Cabe destacar que a palavra Jihad, na verdade, se refere ao esforço de propagação do islã no mundo, pelo medo. As diversas interpretações desse pretenso dever de todo maometano são as armas, que fomentam a guerra contra os ‘infiéis’. Enquanto outras religiões fazem proselitismo por meio de convencimento pacífico, certos grupos islamitas, especificamente os extremistas, se dedicam à tarefa de empreendê-la contra todo ímpio que cruze em sua frente, tornando-o alvo passível de ser eliminado se não for convertido à sua fé. A recente agressão, desproporcional e grosseira, desse mundo fanático contra Bento XVI, portanto, não é de se estranhar. O papa, em discurso feito na universidade alemã de Rogensburg, nada disse que já não soubéssemos. Abordou, em seu pronunciamento, que nenhuma fé poderia ser verdadeira se invocasse a morte, o terror, a irracionalidade violenta e a guerra como princípios. Para isso, citou um diálogo entre o rei bizantino Manuel II e um erudito persa sobre cristianismo e islã, ocorrido durante o cerco a Constantinopla, entre 1394 e 1402, em que o imperador assevera: ‘Mostre-me, apenas, o que Maomé trouxe de novo, e então você vai achar coisas apenas más e inumanas, como sua ordem para espalhar, pela espada, a fé que ele pregava’. É bem verdade que a Igreja Católica carrega o estigma de haver propiciado as Cruzadas, atos de guerra e de conquista que causaram muito dano ao Oriente Médio. Porém, a Igreja, na atualidade, é muito diferente da de 700 anos atrás. Hoje, entendemos a fé de forma muito distinta da que entendiam os homens de oito séculos passados. Ou seja, houve uma grande evolução nesse sentido. Ao contrário, na contramão da história, os radicais muçulmanos simplesmente não evoluíram. Na concepção deles, o mundo é uma grande pedra estática. Exemplos desta afirmativa é a forma com que estes extremistas tratam as mulheres. Simplesmente elas não são vistas como pessoas e, sim, como propriedades. Para eles, a modernidade é vista como algo demoníaco, e o papa, evidentemente, passa a ser um dos objetivos maiores dessa fúria tresloucada. A humanidade tem testemunhado, amiúde, as ofensas, a neurótica maneira de ver o mundo, o desprezo aos que não pensam como eles, o afã de sangue e ódio descarregado contra pessoas inocentes. Algo que nos preocupa, sobremaneira, é observarmos que seitas extremistas começam a se infiltrar, sorrateiramente, e de modo insidioso, no mundo ocidental. E o que isso pressagia? Lamentavelmente, a cultura da morte, até que o mundo ocidental tome consciência da gravidade do problema e, inexoravelmente, atinja o limite extremo da suportabilidade humana. Nós, ocidentais, devemos começar a nos defender, com veemência, contra essas doutrinas solertes e espúrias, eivadas de ódio incontido, antes que seja tarde demais.”

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