Apesar do aumento de renda registrado no Brasil na última década, a melhoria de vida não foi igual para todos. Segundo a pesquisa do Ipea, os negros ainda ganham a metade da renda (R$ 502) de um homem branco (R$ 986,5), em média. Já as mulheres em 2006 tinham uma renda média de R$ 577, o equivalente a dois terços da renda de um homem.
E as desigualdades continuam também na expectativa de vida. Mulheres brancas vivem mais e os homens negros são o grupo com menor representação entre as pessoas acima dos 60 anos de idade. Em 2006, enquanto 9,3% das mulheres negras tinham 60 anos ou mais de idade, entre as brancas essa proporção era de 12,5%. No grupo masculino, a tendência é similar. Em 1993, os negros com 60 anos ou mais correspondiam a 6,5%. Em 2006, a 7,8%. Entre os brancos, no entanto, os idosos passaram de 8,2% para 10,6% cento no mesmo período.
Euler Junior/EM/D.A Press - 24/07/08 |
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Geraldo trabalha desde os 13 anos, mas só aos 23 começou a pagar o INSS: "Brancos têm mais oportunidade" |
Os negros trabalham durante mais tempo ao longo da vida, entrando mais cedo e saindo mais tarde do mercado de trabalho. “Os brancos têm mais oportunidade na vida. Na minha opinião, as chances deveriam ser iguais para todo mundo”, afirma o mestre de obras Geraldo Alves da Rocha, de 46 anos. Ele trabalha desde os 13 anos como pedreiro, mas só aos 23 começou a pagar o INSS como autônomo. “Trabalhava com biscate e o que sobrava não dava para pagar a previdência”, explica ele, que, em tese, poderia se aposentar em dois anos, mas terá de contribuir por mais 13.
ELETRODOMÉSTICOS Hoje, já é possível encontrar geladeira e fogão na maioria dos lares brasileiros, mas enquanto somente 5,5% dos domicílios chefiados por brancos não possuíam geladeira, essa situação alcança 17% dos lares chefiados por negros, apesar de serem bens de primeira necessidade.
Outro forte indicador da discriminação é que 69% dos domicílios que recebem o Bolsa Família são chefiados por negros. Em relação aos dados do Sistema Único de Saúde (SUS), percebe-se também uma diferença significativa entre a população branca e negra. Para os brancos, 54% dos atendimentos e 59% das internações foram cobertos pelo SUS. Para os negros, as proporções foram de 76% e 81,3%, respectivamente. Segundo a pesquisa do Ipea, a população negra é SUS-dependente.
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