Maria Tereza Correia/EM/D.A Press | | Festa, em tom de grafite e som de hip hop, marcou os três anos do Núcleo de Prevenção à Criminalidade do Morro Alto | A comunidade do Morro Alto, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, realizou na manhã de ontem uma passeata pela paz, dando ênfase à violência doméstica. O ato marcou as comemorações dos três anos do Núcleo de Prevenção à Criminalidade (NPC), uma parceria da Secretaria de Estado de Defesa Social com entidades e movimentos sociais da região.
A rua principal foi fechada e vários grupos que participam do projeto se apresentaram com capoeira, dança, música, teatro e esportes. Houve também participação de associações de bairro, igrejas e movimentos que integram o grupo gestor do NPC. Uma equipe de grafite do programa Fica Vivo pintou o muro lateral da 180ª Companhia da Polícia Militar com o tema “Juventude e polícia”.
O Núcleo de Prevenção à Criminalidade do Morro Alto desenvolve dois projetos com a comunidade: o Fica Vivo (de prevenção à violência e homicídios) e a Mediação de Conflitos. O primeiro é direcionado ao atendimento de jovens entre 12 e 24 anos. É um dos 25 núcleos considerados de base pela Secretaria de Defesa Social, gerido pelas lideranças comunitárias locais. São elas que levam as demandas e traçam as estratégias em conjunto com os técnicos e profissionais.
São várias ações conjuntas, como explica a gestora social Ana Dorotéia Vincy de Almeida Amaral, e entre os eixos que foram destaque ontem estão a violência doméstica e entre os jovens. O programa é aplicado em áreas de grande vulnerabilidade social.
Além do Fica Vivo, a comunidade tem à sua disposição os mediadores de conflitos, equipe que reúne advogados, psicólogos e assistentes sociais. Eles trabalham como negociadores extra-judiciais em duas frentes: de orientação e de mediação. Os profissionais não opinam e nem resolvem, mas abrem espaços para que as pessoas resolvam por si mesmas questões como conflitos entre vizinhos, violência doméstica, acesso a direitos como moradia e previdência, separações e pensões alimentícias, explica o superintendente de Prevenção à Criminalidade, Talles Andrade de Souza.
VIDA EM CORES O coordenador do grupo de grafite, Valteir Pereira dos Santos, de 20 anos, começou a participar das oficinas há três. Ele já conhecia algumas técnicas, mas foi se aperfeiçoando e logo foi convidado a participar como multiplicador. Fez um curso de capacitação no Senac e hoje orienta 35 jovens da comunidade: “Eu tinha o pensamento voltado só para as ruas e nenhuma referência do que fazer para ter objetivos na vida. Descobri a possibilidade de resgatar outros jovens, assim como eu mudei, com objetivos e metas.”
Os temas do grafite do Fica Vivo Morro Alto estão sempre voltados para os resgates de valores. O grupo participa de movimentos e sua arte também extrapola os limites do bairro: “No grafite há uma disputa artística, sadia, em que os grupos convivem em paz”, atesta.
Exibindo-se com desenvoltura no palco, o estudante Maxwel Brito do Nascimento, de 16, é um entusiasta do hip hop. Há dois anos, começou a participar de uma roda de amigos que eram feras na dança e agora integra o “LJ Hip Hop”, ligado a uma igreja evangélica do Morro Alto, com 22 participantes: “Ficava muito dentro de casa e hoje tem muita gente da turma que poderia estar seguindo outro caminho. No hip hop, temos uma convivência muito boa e cada vez a arte está mais dentro de nós”. (EG) |
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