Os adolescentes são fascinados pelas ferramentas da era digital. Eles não desgrudam do celular, vivem digitando mensagens de texto, passam horas escrevendo em blogs, navegando na web ou absortos nos videogames. Para o americano Mark Bauerlein, professor da Universidade Emory, em recente entrevista, as conseqüências dessa imersão digital não são boas. Segundo Bauerlein, a nova geração de adolescentes americanos tem mais acesso à informação que qualquer outra antes dela. Mas isso não se reflete em um ganho cultural. O uso incessante dos dispositivos digitais criou um “casulo” em torno dos jovens, que só se relacionam entre si, 24 horas por dia, sete dias por semana. “A falta de contato com os adultos impede os jovens de crescer.” Ler é preciso. Jovens, e menos jovens, precisam investir em leitura e reflexão. Só assim, com discernimento e liberdade, se capacitam para conduzir a aventura da própria vida. Compartilho com você, amigo leitor, algumas obras. Espero, quem sabe, que o estimulem no ano que começa.
What were they thinking? (Harvard Business School Press, 2007). É o título do livro de Jeffrey Pfeffer, professor de Stanford e um dos mais renomados gurus da administração na atualidade. Esteve em junho no Brasil. No capítulo 3, comenta a grata impressão que lhe causou a experiência de ter sido professor visitante no IESE de Barcelona, a escola de negócios da Universidade de Navarra. “Bem na época em que saía a versão para o cinema do Da Vinci Code”, diz Pfeffer, “eu passava umas semanas no IESE Business School, escola de negócios espanhola que figura entre as líderes do mundo. O que eu encontrei lá não foi nem cilícios, nem cadáveres, nem monges albinos: foi great management. Uma escola de grande sucesso. Eu me perguntava o que é que estaria por trás desse sucesso. Descobri que havia pessoas brilhantes, bem preparadas, que poderiam ter condições econômicas mais rentáveis em outros lugares, mas havia algo que as atraía e as mantinha lá: esse algo é caring culture (cultura de atenção, cuidados, serviço às pessoas). Como eu mesmo experimentei. Minha esposa contraiu uma forte dor de ouvido por ter tido que pegar um vôo resfriada.
O diretor geral do Iese, Jordi Canals, não teve dúvida: providenciou primeiro uma consulta com um clínico geral, depois com um famoso especialista em ouvido, destacou uma funcionária de fala inglesa para acompanhar minha esposa, serviço de táxi, pagou tudo e não nos fez nenhuma pergunta. Isto era algo que não estava previsto no contrato de minha estadia no IESE e simplesmente conquistou nossa eterna gratidão. Para Canals era algo que fazia parte da missão de serviço aos membros da instituição, mesmo que fossem membros temporários, como era o nosso caso”. O livro, carregado de experiências, suscita inúmeras reflexões.
A Igreja das Revoluções (Editora Quadrante, São Paulo, 2008). Este é o último título da História da Igreja de Cristo, a monumental obra de Daniel-Rops. O autor, membro da Academia Francesa de Letras, estava trabalhando no décimo primeiro, que trataria do Concílio Vaticano II, quando faleceu, em 1965. Emérico da Gama, um editor apaixonado e autêntico artesão das letras, caprichou na qualidade da edição. A multissecular história da Igreja, intimamente relacionada com a história da civilização, é um banho de cultura e um magnífico prazer intelectual.
Deu no New York Times (Objetiva, 2008). É o fruto das experiências vividas pelo correspondente norte-americano Larry Rohter durante quase quatro décadas no Brasil. Enviado do New York Times ao país entre 1999 e 2007, o jornalista já havia desempenhado a mesma função no final da década de 70 e no começo dos anos 80 na revista Newsweek e no jornal The Washington Post. Ao longo de todos esses anos, cruzou o Brasil entrevistando de presidentes a anônimos. Só pelo jornal nova-iorquino, publicou mais de quinhentas reportagens. A todos, boa leitura e feliz 2009! |
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