Disputa com YouTube marca posição frágil das gravadoras



Primeiro foi a MTV, depois a Apple, e agora o YouTube. O setor de música, diante da queda nas vendas de CDs, vem repetidamente tentando encontrar novas fontes de receita e tem visto seus parceiros prosperarem.



Assim, no novo campo de batalha dos vídeos online, as companhias de música estão desesperadas por evitar os erros do passado mas encontram dificuldades para negociar com um novo e poderoso parceiro na Internet.


A decisão do Warner Music Group de retirar milhares de vídeos de música do YouTube, controlado pelo Google, anunciada no sábado depois do colapso de negociações contratuais entre as duas partes, demonstra até que ponto as gravadoras podem ter de ir para ganhar influência sobre o processo.


Algumas das maiores gravadoras estão até mesmo considerando a hipótese de formar um site conjunto de vídeos musicais a fim de ampliarem seu poder de negociação, disse um executivo de música, já que a disputa entre a Warner e o YouTube destaca as limitações de confiar em parceiros externos.


Uma joint-venture como essa se assemelharia à Hulu.com, da NBC Universal e News Corp, que veicula online programas de TV e poderia incluir o YouTube como parceiro, disse o executivo, que se recusou a ter seu nome revelado porque as negociações apenas começaram.


À medida que despencam as vendas de CDs e o mercado de canções em formato digital se desacelera, as gravadoras cada vez mais consideram os vídeos online como essenciais para o crescimento de suas receitas. Mas elas não têm mão forte nas negociações de licenciamento com o YouTube, o qual, em companhia do MySpace, se tornou uma das mais importantes ferramentas para descoberta de música pelos consumidores jovens.


Ecoando o sucesso da MTV Networks ou o do iTunes, da Apple, de 2003 para cá, o YouTube em três anos se tornou o maior site de vídeos online, com mais de 100 milhões de espectadores nos Estados Unidos em outubro, de acordo com a comScore, uma empresa que mede a audiência da Web.


"A primeira coisa que as crianças fazem quando ouvem sobre uma nova banda é ir ao YouTube para saberem mais", afirmou um executivo de uma grande gravadora que pediu para não ser identificado.


A Warner, terceira maior gravadora do mundo, foi a primeira grande companhia de mídia a assinar um acordo de licenciamento com o YouTube em 2006, permitindo que o site transmitisse clipes de música de grupos e artistas como Red Hot Chili Peppers e o rapper T.I.


O acordo, que expirou meses atrás, foi assinado antes do YouTube ser comprado pelo Google.


A Warner quer mais dinheiro do YouTube pelos direitos de transmissão dos clipes, mas o YouTube tem se recusado a abandonar os termos negociados anteriormente, segundo duas fontes próximas das discussões.


A Warner obteve do YouTube menos de 1 por cento de sua receita com produtos digitais de 639 milhões de dólares no ano fiscal de 2008, segundo uma fonte próxima da companhia.


A gravadora apostava que o YouTube seria uma força publicitária significativa atualmente, mas, em vez disso, o site se concentrou mais em construir audiência que em aumentar receita.


"Eles fizeram todas essas promessas iniciais de implementar identificação de áudio enquanto no meio tempo nós perdemos receitas e eles ficaram atrás de outros competidores", disse uma pessoa próxima da Warner Music, citando a rede social MySpace e a AOL como oferecendo melhores taxas.

Fonte: Reuters


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