Manuel Gouveia: 'A violência das margens gregas'


Sobre os acontecimentos na Grécia, lemos as mesmas linhas mestras em todo o lado: a morte do jovem como ato isolado; o Governo já abriu um inquérito e o policial já foi preso; a condenação e criminalização do protesto popular. O hipócrita apelo do governo grego é massificado: "Nestas horas cruciais, o mundo político deve unanimemente e categoricamente condenar e isolar os autores das destruições. É nosso dever democrático, é o que exigem os cidadãos e é o que impõe o nosso dever nacional".



A nota do comitê central da Juventude Comunista Grega dá a resposta de classe que se impunha à hipocrisia da burguesia.


Os comunistas não veêm o assassinato de Alexandros-Andreas Grigoropoulos como um ato isolado, vêem-no com o resultado "de uma orientação e educação das forças de segurança contra o povo, contra o movimento popular e operário, contra a luta da juventude", e enquadram as crescentes medidas repressivas do Estado "na ofensiva contra os direitos da juventude ao emprego com direitos e à educação". E responsabilizam o governo e as classes dominantes: "O seu objetivo é provocar o medo nos trabalhadores e na juventude".


Os comunistas não condenam a justa indignação popular. Alertam que "os saques e o vandalismo não têm nada a ver com a luta do movimento popular, e que estas ações legalizam a violência e o autoritarismo, e são usadas como um álibi pelos governos para esconder o fato de que os alvos da repressão estatal são o movimento operário e popular".


Apelam a toda a juventude para expressar "a sua indignação, o seu protesto, para condenar e exigir a condenação política e criminal dos reais responsáveis pelos ataques da polícia". Promovem a "única resposta eficaz contra as provocações do governo": a luta organizada do movimento popular, com a combativa mobilização da juventude.

Apelam a que prossigam e se intensifiquem as greves nas escolas e universidades, à participação na greve geral e às concentrações que se realizarão em 63 cidades gregas. Marcam ações de massas do Partido contra o "autoritarismo do Estado".
Assumem-se como revolucionários em águas revoltosas.


Manuel Gouveia escreve no Avante! jornal do Partido Comunista Português


Jornal Avante!

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