por Especial Hip-Hop*
Bairro de Ermelino Matarazzo, zona leste da cidade de São Paulo, meados de noventa e oito. Era sábado, por volta de umas doze e trinta da tarde, ali estava eu aos meus treze anos, sentado em cima do muro baixo de minha casa, observando a rua sem asfalto, as residências simples e as pessoas subindo e descendo, e os conhecidos me saudavam acenando com a mão.
De dentro da goma ouço uma voz –“Beto vem cá ver”, era meu irmão mais velho! Quando entrei vi a TV ligada e meu mano assistindo YO raps! (apresentação de Rodrigo Brandão), o mesmo já gostava de rap, e eu nem sabia o que era aquela coisa direito.
A Imagem transmitida era: Anhangabaú 1995 show de Rappin Hood e o Posse mente zulu. O som: Sou negrão. Quando olhei aquela cena meus olhos brilharam, minha pele arrepiou-se. O mano com o microfone na mão exaltando raça, citando várias personalidades negras, falando de consciência, igualdade e paz... Achei muito louco tudo aquilo! Nunca tinha escutado nada igual até momento. A partir da li, daquela cena, daquela letra, daquelas batidas, despertou em mim o interesse pelo rap / hip hop e conseqüentemente dei inicio a pesquisas e estudos sobre o assunto, comecei a escutar mais e mais músicas, comecei decifrar as letras e entender as mensagens. Foi naquele sábado, através daquela representação do PMZ que aflorou em mim o amor pela cultura popular.
Agradeço ao meu irmão Ângelo por me dar os primeiros toques, o quão me ensinou muito e todos aqueles que freqüentaram a São Bento, onde tudo começou.
Alberto R. Camargo
*Especial Hip-Hop, Espaço para convidados especiais do Hip-Hop a lápis.
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