Artesão da IMAGEM

Zezinho Faria dispensa as novidades tecnológicas. Suas fotografias, reveladas à moda antiga, lembram gravuras
Daniela Mata Machado
Zezinho Faria/divulgação
Trabalhos do fotógrafo Zezinho Faria estão expostos no anexo da Biblioteca Luiz de Bessa

Ele não usa câmera digital, nem pretende aprender a manipular imagens por fotoshop. O trabalho de Zezinho Faria é artesanal, feito de filmes, negativos, quarto escuro, revelação e muita emoção. “Digo que vou ao armazém quando vou ao supermercado”, afirma o artista, de 52 anos, que agora deu para colecionar discos de vinil. Sim, ele é saudosista. E é também um romântico. No melhor sentido desses dois termos. Até dia 31, quem quiser conhecer o trabalho desse fotógrafo apaixonado pelo que faz deve conferir a exposição, em cartaz na Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa.

A mostra, que já foi montada em Cataguases e na Universidade Federal Fluminense, em Niterói, apresenta 20 trabalhos fotográficos. São montagens fotográficas feitas a partir dos negativos de imagens que o artista capta com sua Nikon em filmes Tri-X de 35mm. “Antes, eu comprava os reveladores, mas agora os preparo também”, ele conta, explicando que, às vezes, fica duas horas debruçado sobre a mesa de luz, colocando um negativo sobre o outro, pensando nas imagens que pretende projetar no papel. Inclusive, trabalha com papéis velhos e criou reveladores compatíveis com eles. Um trabalho minucioso, de quem ama foto granulada e imagem em preto-e-branco.

Até 2000, Zezinho era fotógrafo free-lancer e, principalmente, laboratorista. Era ele quem revelava os trabalhos de importantes profissionais de Belo Horizonte. Mas ficou doente justamente na época da invasão das câmeras digitais. “O custo das revelações ficou cada vez mais caro e isso ajudou a extingüir a minha profissão”, lembra. A partir daí, o laboratorista transformou a fotografia não em profissão, mas em terapia. “Pensei: agora vou fazer o que eu gosto. Não sei tocar violão, mas sei revelar fotos. Então, fui fazer isso.”

Com o tempo, o fotógrafo percebeu que seus trabalhos estavam virando gravuras. E constatou que aquilo merecia ser mostrado ao público. Essas imagens devem agradar às pessoas que, como ele, entendem que há dimensões numa fotografia analógica bem granulada que nenhuma imagem digital bem definida vai alcançar. “Nunca fotografei em câmera digital, mas acho que as fotografias digitais têm uma definição que até dói. E elas não têm dimensão”, sentencia.

ZEZINHO FARIA
Fotos. Até dia 31, no anexo da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, Rua da Bahia, 1.889, 2º andar, Lourdes. De segunda a sexta-feira, das 8h às 20h; sábados, das 8h às 13h.

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