Operação pró-Serra 2010 : Ex-jornalista da Globo denuncia



No seu blog, o ex-jornalista da Globo Rodrigo Viana diz que leitores e ouvintes mais atentos perceberam na demissão do âncora da CBN no Rio de Janeiro, Sidney Rezende, os preparativos para a cobertura das eleições 2010. ''A moto-serra dos tucanos vai passar sobre várias cabeças no jornalismo global'', diz Viana, referindo-se a demissão de profissionais que supostamente não concordariam com uma cobertura favorável à candidatura do governador de São Paulo, José Serra, à Presidência da República em 2010.



“CBN demite âncora independente – Operação 2010 já começou?”, questiona no título do comentário postado. Ele diz não conhecer o jornalista Sidney Rezende pessoalmente, mas que era considerado pelos colegas “como um jornalista que exercia sua independência, apesar de a CBN também estar sob os tentáculos de Ratzinger - o agente das sombras do jornalismo global, o homem que articula a candidatura Serra.”

Rodrigo Viana afirmou que conversou com um âncora da CBN, que pediu para não ser identificado, que teve sua cabeça pedida pelo governador de São Paulo. Serra não teria gostado “de entrevista feita pelo âncora com um economista, questionando a forma como a Prefeitura de São Paulo – na época administrada por Serra - investia suas sobras de caixa.”

“Esse outro âncora conseguiu preservar a cabeça sobre o pescoço. E segue fazendo bom jornalismo. Até quando?”, volta a questionar.

O jornalista também coloca em evidência a demissão de Luiz Carlos Braga da Globo de Brasília e diz que a operação desencadeada lembra o que foi feito em 2006. “Há dois anos, às vésperas da eleição presidencial, a Globo livrou-se do comentarista Franklin Martins (ele conta os bastidores completos, numa bela entrevista à revista Caros Amigos) porque este não fechava com a linha oficial da emissora de sentar a pancada em Lula, e dar aquela mãozinha pros tucanos”, lembra Viana.

Após a demissão de Franklin Martins, Viana se coloca na lista de outros jornalistas que foram “limados” por discordarem da conduta jornalística da emissora na cobertura das eleições. Constam dessa relação Luiz Carlos Azenha, Carlos Dornelles e o editor de política Marco Aurélio Mello.

''As Organizações Globo estão demitindo todos os jornalistas moderados, isentos. Será um tiro no pé se a Lucia Hippolito assumir o lugar do Sidney. Primeiro porque ela é de São Paulo, agora mora no Rio e sempre morou na zona sul e não conhece o subúrbio, zona norte, oeste, etc, ao contrário do Sidney que morou em Bangú. Segundo porque todos sabem que as opiniões dela não são isentas, sempre com viés partidário tucano”, comentou Stanley Burburinho, um leitor do blog rodrigoviana.com.br

Sem detalhes, diretora nega motivação política

No mesmo espaço, a diretora executiva de jornalismo da emissora, Marisa Tavares, negou a motivação política da demissão. Num curto comunicado, ela diz que a direção da CBN tomou a decisão baseada “em novos desafios que surgiram para a programação e agradeceu a Sidney Rezende pela dedicação à emissora.

“Gostaria apenas de observar que todos os profissionais da CBN compartilham os mesmos valores e trabalham para, diariamente, levar a seus ouvintes e internautas um noticiário isento e de credibilidade. O próximo responsável pela ancoragem do CBN Rio não se distanciará minimamente deste código que pauta nossa conduta”, diz a diretora.

De Brasília,

Iram Alfaia

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