As ruas são a galeria

Três grafiteiros explicam como começaram a pintar muros por São Paulo Ana Clara Werneck


Muitos caminhos levam ao grafite: a rebeldia adolescente, a vontade de se expressar, a arte criando formas na rua e até mesmo a influência de estudos acadêmicos. Vários motivos impulsionam garotos e garotas a pintar muros pelas cidades.

Tiago, mais conhecido como Mundano, faz grafite há três anos, desde que tinha 19. Ele começou a pintar pelas ruas paulistanas por diversão, mas em 2005 pensou que poderia fazer de sua arte uma espécie de museu a céu aberto na maior cidade do Brasil: “O povo não pode ir a uma galeria, dou a minha contribuição”.

Para ser grafiteiro, é preciso fazer alguns sacrifícios. Como a lata de spray custa, em média, R$10, quem pinta bastante pode gastar até R$40 em um fim de semana. “É o preço de uma balada, deixo de sair para economizar e também para acordar cedo e sair para desenhar”, diz Mundano.

O artista Nomies começou precocemente, aos 14 anos. Ele até já ganhou dinheiro pintando muros, mas como “era um trabalho comercial com briefing e tudo”, não o considera como grafite. “Grafite é diversão, intervenção na paisagem, arte e protesto”.

Rodrigo Chã fez o caminho inverso. Em 2003, quando cursava a faculdade de design gráfico, fez um trabalho sobre a intervenção provocada pelos lambe-lambes, cartazes colados em série nos muros das grandes cidades. Isso o fez prestar atenção ao grafite, e a partir de então nunca mais saiu das ruas. “Para a academia, a arte de rua ainda é tabu”, afirma Chã.

O grafiteiro já fez diversos trabalhos para festas e eventos, que garantem as latas de spray para o dia de lazer: “A gente sempre pede material a mais, para o caso de ter de refazer algo. Às vezes sobra, e não preciso gastar dinheiro. Mas quando não tenho eu não me importo, uso o que tiver à mão”.

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