Ladrões levam peça sacra

Polícia não tem pistas do autor do roubo, ocorrido em Pratápolis, no Sul de Minas, na semana passada. Relíquia será inscrita no cadastro de obras desaparecidas do Iphan
Gustavo Werneck
Aceu Video/Divulgação
Imagem do Divino Espírito Santo, com partes em ouro e prata, desapareceu da igreja matriz
Susto e desolação em Pratápolis, no Sul de Minas, a 386 quilômetros de Belo Horizonte. Ladrões arrombaram a porta principal da Matriz do Divino Espírito Santo, no Centro, e furtaram a peça com a imagem que simboliza o padroeiro, com um metro de altura, 30 cm de diâmetro e 30 quilos. A relíquia centenária, com partes em prata e banhadas a ouro, foi levada entre a noite de terça-feira e a manhã de quarta-feira. Somente na manhã de ontem o fato foi comunicado ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG).

“Não sabemos o horário do furto, pois, quando os últimos fiéis saíram da igreja, às 21h de terça-feira, o objeto sacro ainda estava no altar. No dia seguinte, às 6h, a fechadura foi encontrada estourada, e ele havia desaparecido”, disse a secretária da paróquia, Lúcia de Fátima. Além do Divino Espírito Santo, os ladrões levaram uma pequena cruz, que também estava num altar. “Há comentários de que pessoas não identificadas teriam pedido para ver o interior do templo católico, que tem em torno de 60 anos de construção. Mas não sabemos quem foi. O certo mesmo é que todo mundo está muito triste com essa situação”, disse a secretária.

O último roubo na Matriz do Divino Espírito Santo, que não tem tombamento federal ou estadual, foi há sete anos, quando desapareceu a imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, até hoje não localizada. O delegado de polícia Thiago Bordini, de Pratápolis, cidade com 10 mil habitantes, investiga o caso, mas ainda não há pista dos assaltantes. A gerente de Identificação do Iepha, Angela Canfora, que recebeu alguns dados técnicos sobre a peça e fotografias, afirmou que a instituição vai fazer o cadastro no seu banco de dados, já tendo informado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e ao Ministério Público Estadual/ Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Histórico, Cultural e Turístico de Minas Gerais.

SEM NOTÍCIAS O último furto de imagens em Minas ocorreu em 3 de agosto, quando foram levadas, de madrugada, três imagens de madeira do século 17 pertencentes à Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Matias Cardoso, na Região Norte de Minas, a 680 quilômetros de Belo Horizonte. Até hoje a polícia não tem informações sobre o paradeiro da Santana Mestre, de 64 cm de altura, de São Miguel, de 85 cm e de Nossa Senhora do Bonsucesso, de 53 cm, todas de origem portuguesa. Construída em 1675, a igreja é tombada há 54 anos pelo Iphan.

Na manhã do dia 4, por volta das 9h30, uma das três portas da frente da Matriz foi encontrada aberta pelo zelador José Luiz Pereira de Oliveira, encarregado de guardar a chave. Ele disse que, ao entrar no local, viu que uma outra estava arrombada. No interior do templo, foram encontrados, no chão, uma chave de fenda, usada para o arrombamento, o Menino Jesus que estava no colo de Nossa Senhora do Bonsucesso, a balança de São Miguel, e um pedaço de um dos dedos de uma imagem e um resto de cigarro.

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