Embalos do hip hop

Dois eventos celebram a arte da periferia

Lívia de Almeida


Cláudia Martins/Strana
No Armazém 5, bboys e rappers como BNegão (à dir.) fazem a festa



Grafiteiros, bboys (dançarinos de break), MCs, rappers e simpatizantes movimentam a Semana da Cultura. Nesta quarta (5), começam dois eventos que festejam a cultura hip hop, que hoje envolve tanto jovens do subúrbio como da Zona Sul, e discutem seu papel: a Semana Hutús e o Tangolomango, um encontro de entidades que organizam ações culturais visando à inclusão social. A Semana Hutús inicia-se no Teatro Carlos Gomes, com a entrega do Prêmio Hutús 2003 aos melhores do rap nacional e homenagem a Sabotage, rapper assassinado neste ano. Até o fim da semana, a programação inclui mostra de filmes no cine Odeon e, de sexta (7) a domingo, uma maratona de atividades no Armazém 5 do Cais do Porto: festival de rap com shows de Hunc (dos Estados Unidos), Racionais MCs, MV Bill e BNegão, apresentação de bboys, batalha de MCs e até um torneio de basquete de rua. "Para nós, o hip hop não é só uma moda de verão. É um modo de vida", diz Celso Atahyide, organizador da Semana.

O lançamento da Semana Hutús foi feito no último fim de semana de outubro, quando um grupo de 200 grafiteiros pintou o muro do Jockey Clube, na rua do Jardim Botânico. E com autorização da direção do clube. "O muro estava inteiramente degradado. Achamos interessante a integração com os grafiteiros, que puderam pintar os muros da burguesia", diz a vice-presidente do Jockey, Beatriz Lemgruber. Ela acredita que o grafite não fere as normas do Patrimônio Histórico, que tombou as edificações do clube. "Se exigirem, podemos pintar tudo de branco novamente."

No Museu da República, o hip hop é um dos temas do Tangolomango, encontro que vai discutir neste ano o acesso aos meios de comunicação. Na abertura do evento, grafiteiros coordenados por Fábio Ema fazem uma demonstração e expõem seus trabalhos nos Jardins do Palácio do Catete. Também haverá a exibição de dançarinos de break. "O grafite é uma maneira de as populações jovens e carentes manifestarem suas posições", diz Marina Vieira, organizadora do evento, que se estende por dois fins de semana, com mostras de filmes e vídeos – uma delas voltada exclusivamente para o universo hip hop – e oficinas.

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