André Gomes
Mas a idéia aqui não é falar deste evento, por isso vamos retornar ao diálogo com o Paulinho.
- E ai André, como é que tá muleque monstro!?
- Firmão Paulinho, sempre na correria mano, trampando igual loco. Mas que nada, assim que é bom não é não parceiro? Ficar moscando é que não vira.
- Isso mesmo, ai, fala lá praquele gordão (Aliado G), que se ele não vim na minha formatura o barato vai ficar loco.
Eu já ia perguntar como estava a faculdade, mas o maluco se adiantou.
- Vixe mano to no segundo ano do baguio, Paulinho psicótico, vai virar Paulinho psicólogo.
- Ó irmão, mó alegria, tinha certeza que você ia comandar guerreiro.
- É, mas o barato tá loco mano, to sem grana pra fazer a matricula, mas que nada, vou fazer uns corre ai, negociar com os caras lá e vou estudar de qualquer jeito.
- Isso mesmo mano, é nóis na universidade guerreiro, eu, o Thiago, o Luciano e uma pá de guerreiro e guerreira da quebrada estão prestando o vestibular, a Luciana hippie já ta lá na Fatec, o Markito na Unesp, vai vendo ó truta.
- Mó satisfação André, vamos curtir esse evento ai que os manos da capoeira já estão organizando a roda ali na rua.
Logo o Paulinho Loco mano, teve uma pá de gente que não acreditou, nós acreditamos sempre e continuamos acreditando, logo ele vira o psicólogo da quebrada.
O resultado do vestibular da Unesp saiu agora em fevereiro, fiquei muito feliz em ter passado e tenho certeza que vou viver intensamente a universidade e o que adquirir por lá estará a serviço da luta do povo da periferia.
O Thiagão não passou, mas o moleque é novo e tem bastante tempo ainda, ano que vem ele passa, o Luciano tragédia também não passou e esse fato me desmotivou inclusive a escrever este artigo.
Não porque tenha sido uma derrota, até porque o maluco se dedica igual loco a militância e nem estudou o tanto que poderia, mas alguns dias depois chega a notícia, segunda chamada do prouni, ó o guerreiro lá na Unimar fazendo comunicação social.
Há dois anos atrás, intensificamos o debate sobre o acesso a universidade, por enquanto só da Nação Hip-Hop já são quatro lá, sendo que três deles na universidade pública.
Podemos não ser modelo de organização e ter nossas inúmeras dificuldades, mas nossa participação tem contribuído para politizar e potencializar o movimento Hip-Hop local, nunca querendo descaracterizá-lo e sim sempre reforçando seu caráter revolucionário.
Precisamos insistir neste debate e sempre divulgar seus resultados, cada um de nós que entra na universidade é um guerreiro armado de idéias a mais pra somar na nossa luta.
Vamos pintar a universidade de periferia e pintar a periferia de sociólogos, psicólogos, publicitários, jornalistas, engenheiros, etc.
A luta pelo acesso a universidade é uma luta também do hip-hop, afinal somos nós os principais interessados em que elas sejam acessíveis.
André Gomes, estudante de graduação em ciências sociais na Unesp/Marília e dirigente nacional da Nação Hip-Hop Brasil.
*Especial Hip-Hop, Espaço para convidados especiais do Hip-Hop a lápis.
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