da Folha Online
A vida de um aposentado pode ser monótona e sem muitas perspectivas. No entanto, a condição parece ser opcional. É o que prova o ex-vigia Lourival Rodrigues (72). Por meio da poesia, ele tornou sua vida mais interessante e estimulante.
Migrante nordestino, sempre se queixava de alguma dor no corpo e ficava quase o dia todo trancado em casa, no Jardim Ibirapuera --zona sul de São Paulo. Hoje, as queixas deram lugar à arte. No Vila Dimenstein desta semana, o aposentado conta que as mulheres lhe serviram de inspiração, na criação das poesias. A apresentação é de Gilberto Dimenstein.
Assista também aos outros vídeos com a participação do jornalista.
Quando estava prestes a se aposentar, Lourival foi chamado para declamar uma poesia na festa de fim de ano da empresa em que trabalhava como vigia. O pessoal estava mais interessado no churrasco. Não só as palmas foram poucas --afinal, a poesia competia com o barulho dos copos e das risadas-- como foram entremeadas com algumas vaias e deboche de alguns bêbados.
Mesmo desanimado com a primeira experiência, ele não desistiu. A rotina do aposentado queixoso mudou quando lhe falaram do sarau no Bar do Zé Batidão, organizado pela Cooperifa.
Após a descoberta, Lourival foi até o local, com um papel no bolso, e leu os versos. Começou inseguro, com a voz trêmula. Mas à medida que a platéia percebia o nervosismo, aplaudiam mais forte. Hoje, Lourival é considerado o mascote da turma.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.
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