Brasil tem quinta maior taxa de homicídio juvenil, diz estudo


Violência
País tem sexta maior taxa de homícidios totais entre analisados
O Brasil tem a quinta maior taxa de homicídio juvenil entre 83 países listados no Mapa da Violência: os Jovens da América Latina, lançado nesta terça-feira. Segundo o relatório, a taxa no Brasil é de 51,6 homicídios para cada 100 mil habitantes.

Os outros quatro primeiros lugares no ranking também são países latino-americanos. El Salvador aparece em primeiro lugar, com taxa de 92,3. É seguido por Colômbia (73,4), Venezuela (64,2) e Guatemala (55,4).

Elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diretor de pesquisas do Instituto Sangari, o Mapa da Violência analisa dados de 83 paises, 16 deles latino-americanos, em relação a homicídios, suicídios, acidentes de transporte e mortes por arma de fogo.

O relatório, lançado em parceria pelo Instituto Sangari, o Ministério da Justiça e a Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), usou como fonte principal o Sistema de Informação Estatística da OMS, com dados de 2002 a 2006, e outras fontes para analisar dados até 1994.

Taxa de homicídio juvenil (em 100 mil habitantes)
1º - El Salvador 92,3
2º - Colômbia 73,4
3º - Venezuela 64,2
4º - Guatemala 55,4
5º - Brasil 51,6
6º - Porto Rico 46,6
7º - Ilhas Virgens 27,1
8º - Santa Lúcia 26,4
9º - Equador 26,1
10º - Paraguai 22,3
11º - Trinidad e Tobago 21,2
12º - Guiana 21,2
13º - Panamá 17,8
14º - Nicarágua 16,6
15º - África do Sul 16,6
Fonte: Ritla e Instituto Sangari

Quando analisada a taxa de homicídio total, o Brasil aparece em sexto lugar, com 25,2, atrás das Ilhas Virgens (28,4). Novamente, os quatro primeiros colocados são El Salvador (48,8 homicídios em 100 mil habitantes), Colômbia (43,8), Venezuela (29,5) e Guatemala (28,5).

O Brasil também tem um dos mais altos índices de vitimização juvenil do mundo. Isso significa que a taxa de homicídios entre jovens é bem maior do que a entre não-jovens. O país aparece em terceiro lugar no ranking, com índice de 2,7, atrás apenas de Porto Rico (3,3) e Venezuela (2,9), e logo à frente dos Estados Unidos (2,6).

Segundo o relatório, "o aumento vertiginoso" de taxas de homicídio jovem no Brasil até 2003 "constitui o fator explicativo do aumento dos índices globais de homicídio, dado que a mortalidade não-jovem teve crescimento baixo no período considerado".

O documento traz dados de 1994 a 2005. Nesse período, a taxa de homicídios na população total no Brasil passou de 20,2 para 25,2 No entanto, quando se observam as taxas de homicídio na população jovem, a evolução foi bem maior, de 34,9 em 1994 para 51,6 2005.

No mesmo período, a taxa média de homicídio juvenil na América Latina se manteve estável, de 33,9 em 1994 para 33,6 em 2005.

Taxa de homicídio total (em 100 mil habitantes)
1º - El Salvador 48,8
2º - Colômbia 43,8
3º - Venezuela 29,5
4º - Guatemala 28,5
5º - Ilhas Virgens 28,4
6º - Brasil 25,2
7º - Santa Lúcia 24,5
8º - Porto Rico 19,1
9º -Guiana 18,0
10º - Equador 18,0
11º - Trinidad e Tobago 16,2
12º - Paraguai 12,3
13º - Nicarágua 10,4
14º - África do Sul 10,4
15º - Panamá 10,4
Fonte: Ritla e Instituto Sangari

Apesar de o crescimento da taxa brasileira ser elevado em comparação ao conjunto total, quando analisados somente os 16 países latino-americanos ele é considerado baixo, segundo o relatório.

"No contexto latino-americano, o crescimento é considerado baixo", disse à BBC Brasil o autor do estudo. "A partir de 2003 (quando a taxa era de 56,2), começou a cair, devido ao estatuto do desarmamento, entre outros fatores", afirmou Waiselfisz.

Segundo o autor, apesar de o Brasil ocupar na quinta posição entre os países da América Latina, tanto na taxa total quanto nos homicídios juvenis, o país já esteve em posições mais elevadas em períodos anteriores, logo depois da Colômbia.

A mudança, conforme Waiselfisz, "se deve ao fato das quedas brasileiras dos últimos anos, enquanto em El Salvador, Guatemala e Venezuela as taxas cresceram significativamente, ultrapassando os índices brasileiros".

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