RAP E GRAFITE : A voz engajada Da periferia

Hip hop mineiro disputa prêmios nacionais
Janaina Cunha Melo
Marcos Michelin/EM/D.A Press - 30/10/08
Júlio César de Souza, Bruno Eustáquio e Fabíola Rafaela formam o grupo Elemento.S

Vários grupos mineiros de hip hop estão classificados para a final do Prêmio Hutuz, no Rio de Janeiro. A entrega dos troféus, em 15 categorias, será no dia 27, no Canecão, na capital carioca, em cerimônia que reúne artistas de todo o país. Depois da seleção do júri especializado, que escolheu cinco candidatos de cada modalidade, o resultado vai ser definido por votação popular, no site do festival – o maior da América Latina destinado à cultura de periferia. Rapper do grupo Elemento.S, Bruno Eustáquio de Souza, o MC Budog, comemora. “Essa indicação é muito importante, pelos critérios profissionais de escolha dos trabalhos, pela produção da Cufa (Central Única das Favelas), que tem sido fundamental, e pelo que representa na projeção dos artistas”, afirma.

Para Budog, o grande número de mineiros concorrendo aos prêmios é sinal da força do movimento no estado e da busca por aperfeiçoamento e profissionalização. “Chega de críticas isoladas e formação de grupos que excluem os outros. Está na hora de crescermos em bloco. O rap não pode ser encarado como uma brincadeira. Com ele, podemos crescer e ir além das fronteiras”, diz o rapper, que participa do grupo com Fabíola Rafaela, sua irmã, de 13 anos. Budog, que desenvolvia trabalho solo até 2003, foi convidado pelo fundador do Elemento.S Júlio César Souza Naves, o Julin, que completa o trio. O grupo concorre com a música Ausência de um pai, na categoria melhor demo masculino.

O Elemento. S também está entre os grupos classificados para se apresentar no palco alternativo do festival. Para o show, os rappers convidam outros mineiros, do Coletivo Nospegaefaz. A participação, que tem a intenção de mostrar a diversidade do rap produzido no Estado. O Elemento. S também convida a MC Zaika, do Ideologia Feminina, para subir ao palco. “Essa é uma maneira de potencializar nossa ação, coletivamente”, reforça Budog.

Machismo Larissa Amorim Borges, do Negras Ativas, também comemora a classificação para a última etapa do prêmio, na categoria demo feminino, com a música Repar ações. Nas letras, o grupo discute a discriminação de gênero. “O machismo é uma questão social, que se reproduz também no hip hop. Precisamos de ações afirmativas para desconstruir essa desigualdade”, argumenta. Ela observa que o grupo, composto ainda por Lauana Nara, Vanessa Beco e Tainara Lira, participa da competição principalmente com o objetivo de interagir com outros grupos. “A representação mineira demonstra a consistência do que tem sido feito e também a persistência de cada um”, diz. De Minas Gerais, Renegado, Lindomar 3L, Retrato Radical, Ideologia Feminina, D’Cristo e DMS também estão na disputa, entre os melhores do ano.

Coordenadora geral do Hutuz, que nesta nona edição aborda o tema Carnaval, a rapper Nega Gizza, uma das fundadoras da Central Única das Favelas, ao lado de MV Bill e Celso Athayde, observa que a intenção do evento é celebrar a cultura hip hop com festa. Além do prêmio, ela lembra, acontecem ainda seminários e bate-papos, no Centro Cultural Banco do Brasil, mostra de cinema no Odeon e shows de rap no Circo Voador, com grupos e artistas de várias regiões do país. “Valorizamos esse encontro de veteranos com quem está começando. Todos os anos temos várias gerações reunidas. Há espaço para todo mundo”, reforça.

MINEIROS NO HUTUZ

• Revelação do ano – Lindomar 3L e Renegado
• Produtor revelação – Daniel Ganjaman (Renegado)
• Videoclipe – Retrato Radical
• Graffiti – DMS Art 163
• Demo masculino – Elemento.S
• Demo feminino – Ideologia Feminina e Negras Ativas
• Site de grupo – Renegado
• Gospel – D’Cristo

PARA VOTAR: www.premiohutuz.com.br

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