Fotografias feitas por jovens infratores do Rio são expostas em Ipanema

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

Uma exposição de fotografias inaugurada ontem, no Rio, sintetiza aquilo que os brasileiros conhecem na teoria, mas que muitas vezes não identificam na vida cotidiana: a falta de oportunidades -e estímulo- para recuperação de jovens infratores.
Nos últimos seis meses, internos de duas unidades do Degase (Departamento Geral de Ações Sócio-Educativas), responsável pela internação e recuperação de jovens infratores no Rio, tiveram aulas de fotografia -uma iniciativa da Escola de Fotógrafos Populares e da ONG Ação Comunitária do Brasil.
Os professores ensinaram técnicas básicas, cederam as câmeras digitais e fizeram um pedido: que os jovens procurassem expressar sonhos, angústias, desejos e frustrações.
"A fotografia é uma maneira que encontrei para me expressar, mas sem me expor. E isso não é fácil", diz a ex-interna Mennitten Barbosa, 21, hoje fotógrafa semiprofissional. Ela participou da oficina em uma unidade que abriga somente meninas.
Curador da mostra, o fotógrafo Dante Gastaldoni, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, diz que a fotografia preencheu uma lacuna do dia-a-dia das meninas. "Houve um encantamento delas com a própria imagem. Lá dentro, até por questão de segurança, não há espelhos".
A segunda oficina foi feita com cerca de 150 alunos em regime interno -autores de crimes como homicídio.
A exposição "Sonhos Velados" fica na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, até 4 de janeiro e pode ser vista diariamente das 13h às 21h. A entrada é gratuita.

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