Rapper Renegado é premiado no Hutuz

Rapper Renegado é premiado no Hutuz, maior festival de hip hop da América Latina, e destaca a força de Minas Gerais no cenário nacional
Janaina Cunha Melo
Glenio Campregher/Divulgação -13/10/08
Renegado faturou dois troféus no evento do Canecão: o de revelação e o de melhor site
Rio de Janeiro – “Estou feliz por ser um dos atores que fortalecem o mutirão”. Com essa frase, o rapper Renegado, do Alto Vera Cruz, comemorou a participação do rap mineiro na noite de premiação do Hutuz, o maior festival de hip hop da América Latina. Anteontem, no Canecão do Rio, ele recebeu dois dos três troféus que disputava com vários outros artistas brasileiros. O rapper mineiro foi destacado nas categorias revelação (dividindo o prêmio com o grupo A286, de São Paulo) e melhor site, em cerimônia que também premiou veteranos como GOG, de Brasília, em videoclipe, e Realidade Cruel, de São Paulo, por melhor álbum e grupo do ano.

Em campanha pelo lançamento do CD Do Oiapoque a Nova York, Renegado acredita no êxito como resultado de processo com muitos desafios, a começar pela falta de reconhecimento dos rappers que atuam fora do eixo Rio – São Paulo. Nas duas vezes que subiu ao palco para receber os troféus, ele fez discurso emocionado, chamando a atenção para a vitalidade do movimento no estado. “Esses prêmios são a prova da nossa evolução, de como estamos conseguindo nos organizar em várias frentes, numa caminhada que tem objetivos e já começa a mostrar a que veio”, disse. Essa foi a primeira vez que Renegado disputou o Hutuz.

Para o rapper, a conquista também precisa ser atribuída à trajetória de vida de sua mãe, dona Regina, a quem ele homenageia em faixa do CD. “Ela deixou o interior sozinha e conseguiu criar três filhos na cidade com educação digna, fazendo-nos entender como é a vida. Devo isso a ela, aos moradores da minha comunidade, à associação de bairro, ao Negros da Unidade Consciente (NUC) e a todos que favorecem a organização do hip hop em Minas”. Além de Renegado, disputaram a final outros grupos mineiros, como Negras Ativas, Ideologia Feminina, Elemento.S e Retrato Radical.

Ariel Feitosa (produtor), Alessandro Buzzo (Ciência e Conhecimento) e Vozes do Gueto (demo masc) venceram em outras categorias prestigiadas. Participaram da entrega dos troféus Cacá Diegues, André Ramiro, Leci Brandão, Fernanda Abreu e Sérgio Lorosa, entre outros convidados de Nega Gizza, coordenadora geral do evento, e Dudu Nobre, que dirigiram a cerimônia. Diretor da Central Única de Favelas, realizadora do Hutuz, o rapper MV Bill fez duras críticas às emissoras de televisão, aberta e a cabo, pela ausência de iniciativas de valorização da produção audiovisual do hip hop no país. “É uma vergonha que a cada ano se confirme mais a qualidade dos videoclipes produzidos no Brasil e os canais, como o Multishow, que cobre o festival, continuam exibindo apenas os americanos”.

A nona edição do Hutuz se encerra amanhã, com mostra de trabalhos dos quatros elementos da cultura hip hop – rap, grafite, break e DJ –, no Circo Voador.

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