Rui Moreira celebra nossas raízes africanas e indígenas


Espetáculo Q'eu Isse, da SeráQuê?, sexta e sábado, no Teatro Alterosa

Daniela Mata Machado - EM Cultura
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Guilherme Rodrigues/divulgação

Os festejos africanos se encontram com a cultura indígena no espetáculo Q’eu isse, que a Companhia SeraQuê? apresenta sexta e sábado no Teatro Alterosa. Nesse trabalho, o segundo da trilogia aberta por Esquiz, o cantor Milton Nascimento, a figurinista Bia Lessa e o iluminador Pedro Pederneiras (um dos fundadores do Grupo Corpo) se uniram ao coreógrafo Rui Moreira. O resultado vem agradando o público: Q’eu isse estreou em Brasília e fez temporadas bem-sucedidas no Rio de Janeiro e em São Paulo.

“O trabalho que desenvolvi em 2005, com verba da Bolsa Vitae, serviu para convidar outras pessoas para visitarem minha curiosidade”, explica Rui Moreira. Para realizar esse estudo, intitulado Esquiz q’eu isse com es, o coreógrafo fez pesquisa histórica e estética dos festejos, investigando traços da identidade brasileira nas culturas de matriz africana, sobretudo no universo popular de Minas Gerais, com seus sincretismos. “Estudei as festas de São Benedito e de Santa Efigênia, os reinados e o congado”, explica.

Rui acabou descobrindo onde a cultura africana se encontra com os ritos indígenas. Q’eu isse mostra esse ponto de interseção. Mas é tudo puramente subjetivo. Perceber tais nuanças depende muito do olhar do público. “O que o espetáculo faz é recolocar na pauta do cotidiano a identidade do povo brasileiro”, explica o coreógrafo.

Enquanto Esquiz se concentrava nas manifestações de fé das festas de Nossa Senhora do Rosário, Q’eu isse faz leitura contemporânea dos traços de memória nesses ritos sagrados e das trajetórias diferenciadas que os jovens percorrem para conduzir a espiritualidade. É nesse sincretismo que as manifestações religiosas de origem indígena acabam encontrando lugar e se cruzando com aquelas de matriz africana.

O nome do espetáculo é escrito em “mineirês”. Rui Moreira explica que o jeito mineiro de engolir o final das palavras é fruto da influência banto na cultura brasileira e também dos índios. Reverenciar esses antepassados é, provavelmente, seu maior objetivo.

“Esquiz q’eu isse com es é homenagem a meus antepassados”, explica. “Eles quiseram que eu fosse com eles. Se não houvesse tanta gente atrás de mim, não sei se estaria aqui hoje”, conclui o coreógrafo.

Assista ao vídeo do espetáculo



Q’EU ISSE
Espetáculo da Companhia SeraQuê. Sexta (28/11) e sábado (29/11), às 21h, no Teatro Alterosa (Avenida Assis Chateaubriand, 499, Bairro Floresta). R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia-entrada). Informações: (31) 3237-6611.

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