Presente em 20 dos 27 estados brasileiros, a União de Negros pela Igualdade (Unegro) foi fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e contra as desigualdades de gênero.
Por Maíra Azevedo
Seu principal objetivo é transformar o Brasil numa nação socialista e multirracial. Hoje, 20 anos após a sua criação, a Unegro se tornou uma referência internacional. Em novembro deste ano, para celebrar as suas duas décadas de existência realizará o I Colóquio Internacional de Mulheres Negras.
Desde a sua criação, a Unegro participa ativamente das principais atividades do movimento negro brasileiro e ainda cria a sua própria agenda de ações. Nos estados em que atua, a Unegro forma frente de batalhas contra o racismo e colabora com a educação étnico-racial das pessoas. Através dos seus programas, projetos e ações a Unegro já formou centenas de pessoas e tem cerca de 5 mil filiados em todo o país.
Em junho do ano passado, na cidade do Rio de Janeiro, a entidade realizou o seu 3º Congresso Nacional, fórum máximo da organização e elegeu a sua nova coordenação, com o objetivo de fortalecer a Unegro. Todos os estados, que a entidade está organizada, estiveram presentes.
Durante o evento, Edson França, coordenador nacional da Unegro, frisou a importância dos militantes da entidade compreenderam o seu papel dentro da organização, pois o fortalecimento da Unegro está diretamente ligado a participação dos seus integrantes.
"A Unegro é o que seus militantes produzem. O nosso fortalecimento se dará através das nossas atuações. Somos todos responsáveis pelo sucesso da nossa organização", afirma Edson.
Dentre as suas ações pelo país, é possível destacar algumas atuações, como o projeto Rua do Samba, na cidade de São Paulo, que acontece no último sábado de cada mês, na Rua General Osório, bairro da Luz e atrai cerca de 3 mil pessoas.
O projeto faz um resgate do verdadeiro samba paulista. Além disso a Unegro desenvolveu durante anos o projeto Risco e Rabisco, no Jardim Brasil, zona Norte, que tinha o objetivo de livrar crianças e jovens da marginalidade.
Em Salvador, o Ponto de Cultura da Unegro, localizado no bairro da Fazenda Grande, atende diretamente 300 jovens, que são estimulados, através de oficinas de dança, informática, capoeira, hip hop, a desenvolverem a sua consciência étnico racial. Além de todos os anos realizar a premiação do Troféu Clementina de Jesus, que premia personalidades negras que se destacaram na luta anti-racista.
Já em Pernambuco, desde o dia 05 de abril, todo último domingo de cada mês, ocorre o projeto Negro Samba Sim, no Mercado da Ribeira, que se transformou em um grande centro cultural, mas que nos séculos 18 e 19 era ponto de vendas de mulheres e homens escravizados. O local foi escolhido como forma de reparar a população negra pelo seu sofrimento e de resgatar a cultura do samba.
Com esta atuação, a União de Negros pela Igualdade se transformou num pólo efetivo de reflexões e organização dos negros brasileiros para a luta contra o racismo. Apesar de contar com poucos recursos materiais, pois sua sustentação básica vem da contribuição financeira voluntária dos seus militantes, nestes 20 anos de existência, a organização acumulou um capital político que a credencia como uma das principais interlocutoras do movimento negro brasileiro.
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