Berlusconi promove "caça" a ciganos em toda a Itália



O tempo de caça às bruxas está voltando ao velho continente e a Itália é a porta-bandeiras nessa inquisição. Silvio Berlusconi voltou ao parlamento por causa da ineficiência da centro-esquerda italiana e pela primeira vez na história a Liga Norte, um partido de extrema direita, vai ao centro do poder.Umberto Bossi, um dos responsáveis pela tão famigerada lei de imigração Bossi-Fini, assume o Ministério de Reformas e dá a Roberto Maroni o Ministério do Interior. Toda a campanha política foi feita em cima da questão segurança e imigração e essa vitória política legitima atos de violência contra os imigrantes.


Por Janaína Cesar, para a Agência Carta Maior



O governo encontrou nos imigrantes o seu bode expiatório e passou a culpá-los pela crise socioeconômica que está arruinando o país. Os ciganos, principalmente, estão sendo brutalmente condenados e criminalizados pelo novo governo de Berlusconi, tanto que estão sendo fichados e as tendo as impressões digitais recolhidas. O ministro Maroni declarou que “é por uma questão de segurança que todos os roms (nômades/ciganos) que vivem na Itália serão fichados, incluindo as crianças”.


O fato suscitou muita polêmica e o parlamento europeu - apesar de ter votado a favor da criminalização da imigração ilegal - mostrou a face humana, ou o que ainda resta dela. Após um caloroso debate a comissão que analisa o caso votou dia 10 de julho e vetou o fichamento dos roms com 336 votos a favor, 220 contrários e 77 abstenções. A resolução final afirma que é “inadmissível a violação dos direitos fundamentais das crianças e a criminalização das mesmas” e “pede que seja verificada a compatibilidade das medidas que estão sendo adotadas na Itália com os direitos garantidos pela UE”, diz a nota enviada à imprensa.


Segundo a resolução, o recolhimento das impressões digitais dos roms constitui claramente um ato de descriminação racial e étnica proibido pelo artigo 14 da Convenção Européia dos direitos humanos”. O ministro Maroni declarou que ao fichar e recolher impressões digitais dos menores roms, o governo esta garantido uma possibilidade de acesso a educação/escola e de cidadania. “Nós daremos a cidadania italiana à todas as crianças roms não acompanhadas por familiares”, disse o ministro.


Mas para os deputados do Parlamento Europeu “essa é uma questão inadmissível onde as crianças são criminalizadas e seus direitos violados. A melhor maneira para proteger os direitos das crianças roms é garantir paridade de acesso a instrução, a moradia e hospitalar, elaborar políticas de inclusão e integração e protege-las da exploração”, diz a resolução européia. O deputados também se mostraram preocupados com a afirmação contida no decreto administrativo do governo italiano que diz que a presença de campos nômades em torno aos grandes centros urbanos constitui uma grave emergência social, com repercussão de ordem pública e de segurança o que justificaria a declaração de um “estado de emergência” que deve durar 12 meses.


Apesar do parlamento europeu ter dado o veto, o governo iniciou o fichamento dos roms dia 17 de julho.

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