Nas edições do EM (Gerais) de 16 e 17/5, o reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ronaldo Pena, em entrevista, comunica o compromisso da instituição com a cidadania. O compromisso foi a decisão do Conselho Universitário de oferecer um bônus de 10% na pontuação nos vestibulares de 2009 a 2012 a alunos oriundos de escolas públicas, e mais um bônus extra de 5% para os alunos da rede pública que se declararem negros. O bônus extra para negros seguramente resultou da idéia de inclusão racial defendida por um ex-reitor da mesma UFMG (Opinião, 14/5). O bônus, nas palavras do reitor, é uma forma de ajudar os que chegam perto e não conseguem entrar. O eufemismo do bônus é claramente um disfarce da expressão mais forte reserva de vagas. De acordo com o reitor, no vestibular de 2006, 14% das 320 vagas do curso médico, 45 vagas, foram preenchidas por alunos de escolas públicas; com o bônus 38% dos alunos da rede pública ocupariam 122 vagas, o que significa que 77 vagas seriam reservada para os quase competentes em detrimento de 77 realmente competentes. Com ou sem sofisma o resultado é discriminatório porque beneficia a classe do ensino público em detrimento da classe do ensino particular e beneficia o negro em detrimento do branco e de outros grupos raciais, como os índios, não defendidos nem pelo Conselho Universitário, nem pelo ex-reitor mencionado. O exame vestibular tem por objetivo avaliar a competência dos candidatos à universidade e classificá-los em uma ordem decrescente.
A Escola de Veterinária da UFMG já amargou por anos a reserva de vagas para filhos de fazendeiros com a malfadada "Lei do Boi". Nas palavras de um ilustre professor da faculdade, a lei provocou um abastardamento do nível de ensino de um dos melhores centros do ensino de veterinária do país. O ex-reitor mencionado anteriormente, meu ilustre colega de departamento Tomaz Aroldo da Mota Santos, é negro, veio da escola pública, entrou na UFMG, graduou-se, doutorou-se, é professor e pesquisador de grandes méritos, chegou ao posto mais alto da universidade, magnífico reitor, tudo isto sem receber nenhum bônus. Será que ele acha que os negros de hoje são menos competentes que ele? Recentemente o coordenador do curso médico da Universidade Federal da Bahia (UFB) provocou uma grande celeuma com suas declarações sobre o mau desempenho da sua Faculdade de Medicina em uma avaliação nacional dos cursos médicos. Foi acusado de racismo por atribuir à reserva de vagas para negros como uma possível explicação para a baixa escolaridade dos alunos de uma escola tradicional de medicina, inclusive a mais antiga do país. Não existe nenhuma evidência científica de que o negro seja menos inteligente que o branco. Inclusive é bom lembrar que o Homo sapiens apareceu na África.
O Japão é um país pequeno, o seu solo é basicamente de lava vulcânica, não tem reservas naturais, mas é a segunda economia do mundo porque, ainda no século 19, considerou que educação era sua prioridade nº 1. No momento, toda a humanidade batalha por mais luz, por uma universidade melhor, capaz de permitir aos seus egressos gerar e assimilar a explosão dos conhecimentos científicos, tecnológicos e culturais da atualidade. Só a educação de qualidade é que pode despertar este nosso gigante adormecido em berço esplêndido. Obviamente, a decisão do Conselho Universitário foi para atender às pressões superiores do Planalto, que prega uma universidade para todos, contrariando o mundo civilizado, que tem universidade para uma minoria, uma elite intelectual de qualquer credo ou cor. A universidade pública não está doente pelo excesso de alunos competentes; prescreveram um remédio amargo para a universidade que mais parece a droga milagrosa usada pelos nazistas no Holocausto ou o eufemismo da eutanásia para uma universidade debilitada pela desnutrição de recursos. |
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