Pesquisa traça perfil dos jovens brasileiros
do clipping da Andi
Estudo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que ouviu dez mil brasileiros entre 15 a 29 anos, traça um perfil dessa parcela da população – que corresponde a 51 milhões de pessoas. Uma das constatações é a de que o jovem é otimista: em média 75% deles estão satisfeitos com a própria vida.
Segundo a pesquisa, entre 15 e 17 anos o nível de satisfação chega a 85%. O percentual cai para 71% aos 26 anos e para 69% aos 29. Esta queda coincide com a fase em que surgem dúvidas sobre a profissão escolhida, afirma Denise Barreto, sócia-diretora da Gnext Talent Search, empresa de recrutamento. "É a idade em que há maior incerteza quanto à carreira e falta segurança sobre qual o melhor caminho a seguir".
O emprego, de fato, é a principal fonte de insatisfação do jovem, de acordo com o estudo. A situação atual do País e o governo aparecem em segundo e terceiro lugar, respectivamente.
Bandeiras – Um dos mitos derrubados pelo estudo foi o de que a juventude é politicamente alienada. Segundo a socióloga Miriam Abramovay, autora da pesquisa, o que mudou foi a maneira de atuar. Quase 50% dos entrevistados no estudo da Unesco admitem que não dão a mínima para um comício, mas isso não significa falta de engajamento. A agenda mudou.
A 1ª. Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude reuniu 2,5 mil jovens em Brasília, no final de abril. Os debates foram dominados por temas como emprego, educação, preservação do meio ambiente, legalização do aborto, discriminação contra negros e homossexuais. "Há uma mobilização enorme por parte da juventude. Eles levantam bandeiras que não estão na pauta de partidos políticos", afirma a socióloga Mary Garcia Castro, professora da Universidade Católica de Salvador. “As bandeiras, hoje, são mais palpáveis”, diz.
Cultura – Na pesquisa, salta aos olhos o pouco acesso dos jovens a bens culturais. Metade dos entrevistados nunca pôs os pés no cinema e mais de 70% deles nunca foram ao teatro ou ao museu.
Nos últimos anos, o acesso a esses espaços, sobretudo nas grandes cidades, melhorou com a meia-entrada obrigatória para estudantes e a instituição de ingressos a preços populares em algum dia da semana ou até a entrada gratuita.
O transporte, porém, ainda é um problema. São necessárias políticas públicas para eliminar o obstáculo da distância, principalmente para o jovem da periferia. Em casa, o tempo livre desta geração é dominado pela tevê. A leitura é a última opção. Quase 20% não abriram um livro sequer nos últimos 12 meses.
Fonte: Revista Época, Suzane Frutuoso, Renata Cabral e Adriana Prado – 23/07
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