Unegro comemora 20 anos "cantando vitória"



A União de Negros pela Igualdade (Unegro) está completando, nesta segunda-feira (14), 20 anos de existência. Várias atividades estão programadas para comemorar a data, anuncia o presidente da entidade, Edson França, mas adianta que “a carga maior será dada nos 21 anos, como fizemos nos 18 anos, para marcar a maioridade, nós vamos “espetacularizar” a data.



A entidade foi fundada em 14 de julho de 1988, na cidade de Salvador, na Bahia, para articular a luta contra o racismo. O 20o aniversário da Unegro coincide com os 120 do fim da escravidão. Os dirigentes da entidade alegam que, apesar da desinstitucionalização, a escravidão do negro no Brasil ainda não acabou.


“Os desafios sempre existem”, avalia Edson França, que prefere contabilizar as vitórias. “Nós conseguimos consolidar nossa força dentro do movimento negro do Brasil, somos respeitados dentro do movimento negro pelo pensamento singular sobre o povo brasileiro e pela participação em todas as lutas do povo negro”.


Negros comunistas é um grande ganho e contribuição à causa garantir entidade de social com convicção acertado muito na política, senão não cresceria.


Segundo ele, o movimento negro brasileiro é afrocentrado e estabelece e constrói a política baseado na origem africana do povo negro, enquanto a Unegro procura se referenciar pela experiência brasileira, considerando a miscigenação da formação do povo brasileiro miscigenação. Ele diz que dessa forma consegue se desligar do olhar maniqueista, do pensamento de que o Brasil é inimigo do negro. “Com esse pensamento, não se constrói igualdade racial”, analisa.


A programação de comemoração dos 20 anos da Unegro inclui a Rua do Samba, que reúne cerca de quatro a cinco mil pessoas no próximo dia 26 – último sábado de julho, em São Paulo, e outras festas e confraternizações no Rio de Janeiro e em Pernambuco.


Em Brasília e na Bahia, onde a Unegro nasceu, estão previstas atividades mais formais, embora França admita que essa não é uma característica da Unegro. “Nós procuramos, através da parte cultural, nos aproximar da massa”, explica ele.


Na Bahia


A coordenadora de Relações Internacionais da Unegro e vereadora em Salvador, Olívia Santana, anuncia a realização de uma sessão solene na Câmara dos Vereadores, no dia 12 de agosto. A data coincide com o aniversário da Revolta dos Búzios. Conhecida também como Conjuração Baiana, a Revolta dos Búzios foi um movimento deflagrado em dia 12 de agosto de 1798, quando o povo baiano protestou, pedindo a Proclamação da República, a libertação dos escravos e a igualdade de direitos. Os quatro líderes do movimento - todos negros ou mestiços, Luís Gonzaga das Virgens, João de Deus Nascimento, Lucas Dantas e Manuel Faustino dos Santos Lira foram enforcados.


Ainda como parte das comemorações dos 20 anos, a Unegro vai promover, também em Salvador, de 6 a 9 de novembro. o “Colóquio África e Diáspora – o lugar da mulher negra na geopolítica: refletindo sobre os desafios das lutas contra pobreza e o racismo”.


Ao longo dos anos, a entidade se transformou também em um pólo de reflexões e organização dos negros brasileiros para a luta contra o racismo. Mesmo com poucos recursos materiais, nestes 20 anos de existência, a organização acumulou um capital político que a credencia como uma das principais intermediadoras do movimento negro brasileiro, avalia Olívia Santana.


Ela ressalta que "a Unegro é uma entidade que se formou no cotidiano de luta contra o racismo na Bahia, em Salvador, e hoje ela ganhou o Brasil e muito nos orgulha. E apesar de todas as dificuldades que nós enfrentamos, conseguimos fazer da Unegro uma entidade nacional, de luta contra o racismo, respeitada em todos os cantos desse país.”


Nação socialista e multirracial


Fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, na Bahia, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, com a luta de classes e contra as desigualdades de gênero, a Unegro tem como principal objetivo transformar o Brasil numa nação socialista e multirracial. Atualmente ela está presente nos estados da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.


A Unegro participa das principais atividades do movimento negro no Brasil, na mobilização, divulgação e execução de eventos e campanhas como o Movimento Brasil Outros 500 Resistência Negra, Indígena e Popular, que culminou com o protesto de Porto Seguro, em 22 de abril de 2000; a marcha à Brasília pelos 300 anos da imortalidade de Zumbi dos Palmares em 20 de novembro de 1995, além da Marcha Zumbi + 10 em 22 de novembro de 2005.


De Brasília
Márcia Xavier


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