A partir da chegada dos europeus, em 1692, à região da península do Cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente africano, estabeleceu-se uma política de terra arrasada.Isso que provocou a quase total eliminação das populações autóctones daquela área. Enquanto isso ocorria, agricultores chamados bantu viram suas terras tribais serem alienadas e tiveram sua autonomia totalmente liquidada depois de 1837.
A escravidão foi introduzida, então, na África do Sul para resolver os problemas de produção de grandes proprietários de terra, para exploração do solo em larga escala. Este fato foi um dos elementos essenciais para determinar a criação de uma estrutura sócio-econômica de classes, baseada na cor e nas características raciais. Emigrantes asiáticos, especialmente indianos, mesmo não sendo escravos também sofriam todo o tipo de discriminação, que limitaram seus direitos de cidadania, residência e movimento.
Nas origens do apartheid estão tanto as concepções em que se inspira a população afrikaner como a necessidade de apropriar recursos econômicos e controlar a força de trabalho, baseando-se em uma doutrina da desigualdade e separação de raças, pregada pela Igreja reformada holandesa a que pertencem em sua grande maioria.
A descoberta e exploração de enormes riquezas naturais minerais (principalmente o ouro e diamantes), a conseqüente transição de uma economia predominantemente agrícola a uma economia mineral e industrial, a rápida expansão das áreas urbanas com a imigração da força de trabalho e a aceleração do processo de destribalização e de proletarização foram, na realidade, acompanhadas de uma rápida e fundamental mudança na estrutura social do país e de um paralelo e contínuo controle da população africana, para não ser posta em perigo a população branca.
É justamente neste ambiente que surge um forte movimento contra a política do apartheid. Nelson Mandela, que nasceu em 1918, aderiu ao Congresso Nacional Africano e foi fundador, aos 26 anos, juntamente com seu colega Walter Sisulu e Oliver Tambo, da Liga Juvenil do ANC.
Ontem ele completou 90 anos de idade em sua aldeia natal, Qunu. Mandela foi preso por suas atividades em defesa dos direitos humanos em seu país e passou 27 anos na cadeia sob um regime racista. Libertado pela força do movimento por liberdade e democracia, foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul. Desde então, tem sido agraciado por inúmeros prêmios e láureas, entre as quais o Premio Nobel da Paz de 1993. Por sua perseverança na luta, pela sua retidão e engajamento político progressista, tornou-se um símbolo da luta pela liberdade e pelos direitos civis, que abriu um novo ciclo de progresso social e econômico para seu país, com repercussões em todo o mundo.
Durante a cerimônia de aniversário, Mandela preferiu se voltar às profundas desigualdades sociais dizendo: ''Há muita gente na África do Sul que é muito rica. Esses muito ricos poderiam partilhar parte dessa riqueza com os mais pobres, que não conseguiram vencer as dificuldades e a pobreza''. E completou em seguida: ''Se você é pobre, você não tem chances de uma vida longa”. Mandela acrescentou que gostaria que os sul-africanos pudessem ter uma vida longa como a dele. ''Estou muito feliz por ter vivido até agora e espero que muitos sul-africanos e outras pessoas no mundo vivam assim para que possam ser admiradas'', afirmou.
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